sábado, 3 de dezembro de 2011

Pintor deve ter prisão prorrogada

MARA FLÔRES

A Polícia Civil deverá requerer à Justiça, na próxima semana, a prorrogação da prisão temporária do pintor Antônio Carlos Rodrigues da Silva Junior, o Tartaruga, réu confesso do assassinato das irmãs Renata e Roberta Yoshifusa. O crime ocorrido na Vila Oliveira completará um mês no próximo dia 11, mas até agora o inquérito não pôde ser concluído em razão da falta de depoimentos de algumas testemunhas – em especial, dos pais das vítimas - e também da necessidade de espera de alguns laudos que podem trazer novas provas que ajudem a esclarecer o caso. A investigação está sob sigilo, mas O Diário apurou ontem que um primeiro resultado do Instituto Médico Legal (IML) já está em poder da Polícia mogiana.


Conforme as informações obtidas por O Diário, não foram encontrados sinais de esperma no material vaginal colhido da estudante de Direito, Renata Yoshifusa, de 21 anos, o que seria uma prova incontestável do envolvimento do pintor no caso e mais do que suficiente para a sua prisão preventiva - com isso, ele seria automaticamente transferido da Cadeia Pública para o Centro de Detenção Provisória (CDP), do Taboão, onde aguardaria o julgamento pelo tempo necessário.


A inexistência dessa prova, no entanto, não altera a acusação de duplo estupro, além do duplo homicídio, que respalda a prisão temporária de Tartaruga. Isso porque há sinais físicos claros em Renata que indicam que houve sim a violação sexual (mas sem a ejaculação do agressor), o que reforça a tese de motivação sexual para o bruto assassinato. Renata, que segundo o próprio acusado, foi a primeira a ser morta, foi encontrada nua, sob a mesa da cozinha, com as pernas abertas e marcas de abuso na região íntima.


A irmã mais nova, Roberta, de 16 anos, também foi deixada na cozinha pelo assassino, porém, no chão. Ela também apresentava sinais físicos de violência sexual, mas o resultado do exame no material colhido da vítima deverá sair apenas na próxima semana, segundo o apurado pela reportagem. Ainda que não tenha finalizado o ato sexual, em ambos os casos os indícios encontrados nas vítimas são suficientes para que o acusado venha a ser julgado pelo crime de estupro.


Além desse resultado referente ao material vaginal colhido de Roberta, a Delegacia de Homicídios também aguarda o laudo pericial de outras provas encontradas na cena do crime. Também faltam ser ouvidas algumas testemunhas, como os pais das meninas – Roberto e Rita Yoshifusa – que, segundo a Polícia, ainda não reúnem condições psicológicas para prestar depoimento. Não está descartado, também, que o pintor volte a ser ouvido pelos policiais que investigam o caso. Na primeira oitiva, no dia seguinte ao crime, Tartaruga confessou que matou Renata e Roberta, mas negou os estupros. Ele alegou que teve um "branco" e não sabe porque golpeou as vítimas com um objeto redondo e depois as matou com várias facadas na região do pescoço e da cabeça.


No caso de Renata, a perícia indica que ele estava de frente ou em cima dela quando cortou a sua garganta, depois de por várias vezes bater na sua cabeça com um objeto redondo que pode tê-la deixado inconsciente. Já em Roberta, as marcas indicam que ela foi golpeada por trás, provavelmente na sala e, depois, arrastada para a cozinha. Em ambas as vítimas, as marcas indicam requintes de crueldade por parte do assassino.


Como a prisão temporária do pintor vence no próximo dia 12, a Polícia terá que, ainda na próxima semana, solicitar a sua prorrogação por mais 30 dias (o máximo permitido) ou, então, pleitear a preventiva, para impedir que o acusado seja colocado em liberdade.


Fonte:O Diário de Mogi