quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Governo age e protege Pimentel


PROTEÇÃO Estratégia de privilegiar Pimentel desagrada outros partidos


BRASÍLIA
O governo blindou ontem o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel (PT), e impediu sua convocação pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara por 13 votos a cinco. A estratégia do Palácio do Planalto de privilegiar o petista desagradou parlamentares de outros partidos da base aliada.


Desde o escândalo envolvendo o ex-ministro Antonio Palocci, a ordem da presidente Dilma Rousseff era para que os ministros alvo de denúncias fossem ao Congresso se explicar. Dessa vez, no entanto, o governo lançou mão de sua ampla maioria para evitar a convocação de Pimentel.


"Querem discutir a vida pregressa de um ministro que não ocupava cargo público. Isso aqui vai virar o que a gente não quer que vire: vamos fazer pequenas CPIs de questões municipais e estaduais não relacionadas com a União", argumentou o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). "Os ministros virão na hora que a gente quer, do jeito que a gente quer", decretou o peemedebista.


"O ministro não está se furtando a dar explicações. Essas explicações estão nos mesmos jornais que trazem denúncias, que são da vida privada do ministro", disse o deputado Odair Cunha (PT-MG).


Insatisfeitos com o tratamento dado a seus ministros, parlamentares do PDT, PC do B e PP preferiram se ausentar da votação da Comissão de Fiscalização e Controle durante a análise do requerimento do PSDB com o pedido de convocação de Pimentel.


Foi essa mesma comissão que aprovou nos últimos meses requerimentos da oposição para que fossem ouvidos ministros envolvidos em escândalo, como Carlos Lupi (PDT) e Orlando Silva (PC do B). Na semana que vem, o ministro das Cidades, Mário Negromonte (PP), vai depor na comissão.


Na avaliação da oposição, a blindagem do ministro está relacionada com o fato de Pimentel ser "da cota pessoal da Dilma". "Eles são amigos de longa data, por isso mesmo não pode pairar sobre ele nenhuma suspensão. Não há como separar sua vida pública da privada. As duas caminham juntas", afirmou o líder do PSDB, deputado Duarte Nogueira (SP).


Para os oposicionistas, a denúncia contra Pimentel é semelhante a de Antonio Palocci, que aumentou seu patrimônio em mais de 20 vezes num período de quatro anos. Segundo o jornal "O Globo", a empresa de consultoria de Pimentel teria praticado tráfico de influência em licitações da Prefeitura de Belo Horizonte, além de não ter prestado serviços pagos pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).


"Por que o Pimentel não pode vir aqui? A suspeita naturalmente é que ele não possa comprovar a origem dos recursos de sua consultoria", disse o líder do DEM na Câmara, Antonio Carlos Magalhães Neto (BA).


Fonte:O Diário de Mogi