domingo, 4 de dezembro de 2011

Dilma conquista prestígio no exterior

SÃO PAULO

Foto Oficial
Um perfil elogioso da presidente Dilma Rousseff na revista americana The New Yorker confirmou, na semana passada, o que já estava claro para o mundo político: ela está conseguindo, também fora do País, tornar-se uma figura de sucesso - como havia conseguido, antes dela, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E se este sobreviveu, por força de seu carisma, a episódios como os do mensalão, dos aloprados e a infindáveis alianças clientelistas, ela se vale da imagem de racionalidade. É aplaudida por demitir ministros que, afinal, ela própria escolheu.


"A imagem que ela passa lá fora é de uma dona de casa pondo ordem nas coisas", resume o cientista político Amaury de Souza, diretor da MCM Consultores. Ao que outro estudioso, Humberto Dantas, acrescenta: "É também o que percebe o público interno: que ela está, enfrentando os problemas e demitindo os ministros acusados".


Para a maioria do eleitorado, é o que basta, lembra Dantas, sociólogo e professor do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper). "Grande parte dos cidadãos tem uma visão simplista do quadro político. O ministro é tirado, o problema está resolvido." Não vem ao caso, para esses brasileiros, questionar o modelo de governo ou o sentido das alianças formadas. E a própria imprensa "reforça a ideia de que Dilma herdou um ministério podre".


Mas são diferentes, adverte Dantas, os caminhos do sucesso de Lula e Dilma. "Ele não era afetado por críticas porque tinha enorme carisma. Ela, que não o tem, vale-se da força da racionalidade. Uma racionalidade de quem vai vendo os erros e consertando." Encaixa com a percepção externa. Para a New Yorker, a presidente "tem-se mostrado muito mais intolerante com a corrupção do que presidentes do passado". No mesmo tom, a Newsweek a brindou, na semana em que ela estreou na Assembleia Geral da ONU, com um perfil e um conselho na capa: "Não mexam com Dilma".


Não que a imprensa estrangeira não faça cobranças - mas elas , até o momento, são breves e cautelosas. O jornal The Financial Times, por exemplo, completou um elogio ao sucesso econômico do Brasil, em agosto, afirmando que a presidente "precisa declarar guerra à excessiva burocracia que alimenta a corrupção". E a Economist sugeriu, há 10 dias, que Dilma "poderia dar-se o luxo de ser mais radical" na sua faxina.


Um raro momento de atrito ocorreu em agosto, quando a mesma Economist opinou que os escândalos estavam "criando fissuras em sua precária coalizão". Dilma não esperou para dar o troco. Já no dia seguinte considerou "um ótimo sinal" as revistas estrangeiras se mostrarem preocupadas com o Brasil.


São variadas as explicações para o êxito da presidente em pairar acima dos malfeitos ministeriais, sem ser por eles arrastada. "O grande motivo para a imagem de corrupção não pegar nela é, como sempre, a economia", resume o sociólogo Rudá Ricci, diretor do Instituto Cultiva e professor da PUC de Minas Gerais.


A população é pragmática, diz ele. Não vai criticar um governo "que lhe garante os atuais níveis de emprego e ascensão social". É um fenômeno que se repete ao longo da história: "Em todos os países onde ocorreram esses períodos de ascensão e inclusão social, a população se tornou conservadora e pragmática".


Fonte:O Diário de Mogi