sábado, 12 de novembro de 2011

Relatório aponta falhas em lixão

Júlia Guimarães
O aterro sanitário da empreiteira Queiroz Galvão exigiria, caso aprovado, um alto número de caminhões para transporte do lixo e do chorume gerado pelo processo natural de decomposição do maciço. O projeto demanda a utilização de 480 viagens, contando os trajetos de ida e volta, a cada 24 horas. Isso significa um caminhão passando a cada três minutos, em média, pelas estradas do Distrito Industrial do Taboão. Os cálculos são do engenheiro civil Orlando Pozzani Junior, que é membro do movimento popular "Aterro Não!" e preparou um relatório de 10 páginas que aponta 38 falhas e questionamentos técnicos no EIA/Rima apresentado pela empreiteira à Secretaria de Meio Ambiente do Estado. O documento deverá integrar um relatório mais amplo, que vem sendo preparado pela sociedade civil contra o lixão.


Orlando Pozzani destaca que o projeto da Queiroz Galvão não dá indicações claras sobre a possível instalação de uma Estação de Tratamento de Chorume (ETC), ponto que, segundo o engenheiro, também é questionado pelo Município no relatório elaborado pela empresa Falcão Bauer. Na página 97 do EIA/Rima, a empreiteira ainda afirma que o chorume produzido pelo empreendimento será tratado pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Pozzani pondera que, neste sentido, o material teria de ser levado para a ETE de Suzano, em uma medida que demandaria a utilização de caminhões tanque, já que não há redes coletoras ligando o Taboão à estação de tratamento do município vizinho.


O EIA/Rima da Queiroz Galvão indica que, no pico do funcionamento, o aterro deverá produzir 15,68 litros de chorume por segundo. Segundo Pozzani, o volume vai representar 1.356 milhão de litros a cada 24 horas. O engenheiro explica que cada caminhão tanque tem capacidade de transportar 15 mil litros do material, sendo, portanto, necessário o uso de 90 unidades. Considerando-se os percursos de ida e volta, o resultado seria um total de 180 viagens diárias. Ainda para Pozzani, este transporte deverá ser feito pela Rodovia Ayrton Senna até a divisa do Município de Itaquaquecetuba, de onde os veículos seguiriam para Suzano. "Em minha opinião, essa operação seria totalmente inviável. Mas, a Queiroz Galvão afirma ter a anuência da Sabesp para recebimento do chorume, embora também não tenha apresentado um documento que comprove isso".


Os transtornos ainda incluem, obviamente, o transporte das 1.100 toneladas de lixo que a Queiroz Galvão pretende coletar na Região diariamente. Orlando Pozzani explica que esse volume deverá exigir o uso de aproximadamente 300 viagens, contando o percurso de ida e volta. "O documento apresentado pela Queiroz Galvão não indica quais seriam os impactos de vizinhança desse transporte intenso de material. Sem dúvida, os reflexos serão negativos".




Ribeirão Parateí


Caso a Queiroz Galvão construa uma estação de tratamento, o volume de caminhões poderia ser reduzido pela metade. Porém, neste caso, os impactos ambientais também seriam expressivos. O projeto da empreiteira prevê o despejo do material tratado diretamente no Ribeirão Parateí. Pozzani explica que o próprio EIA/Rima informa que o recurso hídrico tem grau baixo de poluição de pequeno fluxo de água. "O rio tem pouca água e deverá receber um volume muito grande do material. Isso terá reflexo na bacia do Paraíba, que é um rio que faz divisa com vários Estados. E é justamente por este motivo que o movimento quer pedir e intervenção do Governo Federal nesta questão".


Fonte:O Diário de Mogi