sábado, 12 de novembro de 2011

Não ao Lixão Historiador aponta danos culturais do aterro em Mogi

Jorge Moraes

Identificamos quatro situações que poderão afetar de forma decisiva aspectos importantes da história e da cultura de Mogi. O projeto acarretará dano patrimonial, pois inevitavelmente causará a desvalorização das propriedades agrícolas na região que circunda a área do empreendimento. Dezenas de famílias sofrerão prejuízos".
No aspecto cultural, avaliamos que os agricultores sofrerão um impacto psicológico por causa da perda de suas referências. Como, por exemplo, promover a festa do caqui bem ao lado de um aterro sanitário".
Mário S. de Moraes
Historiador
O professor e historiador de Mogi das Cruzes, Mário Sérgio de Moraes, apresentou ontem ao jornal um relatório complementar ao estudo elaborado pela empresa Falcão Bauer sobre os danos potenciais do aterro sanitário que a empreiteira Queiroz Galvão quer implantar no distrito industrial do Taboão. 
Mário Sérgio tratou dos impactos que o empreendimento poderá causar ao patrimônio cultural e histórico da cidade. A Queiroz pretende instalar seu depósito de lixo em um terreno cedido pelo minerador Raul Ardito Lerário. "Identificamos quatro situações que poderão afetar de forma decisiva aspectos importantes da história e da cultura de Mogi. O projeto acarretará dano patrimonial, pois inevitavelmente causará a desvalorização das propriedades agrícolas na região que circunda a área do empreendimento. Dezenas de famílias sofrerão prejuízos", destacou o historiador. 
Também ocorrerão danos culturais, históricos e à cidadania: "No aspecto cultural, avaliamos que os agricultores sofrerão um impacto psicológico por causa da perda de suas referências. Como, por exemplo, promover a festa do caqui bem ao lado de um aterro sanitário", ressaltou o professor. 
"Em relação à cidadania, temos de reforçar que a construção desse aterro é ilegal. De acordo com a lei número 12.305/2010, da Política Nacional de Resíduos Sólidos, as experiências de higiene ambiental têm de ser compartilhadas pelos principais atores domiciliares e industriais, o que não ocorre, pois a população de Mogi tem um abaixo-assinado com 27 mil nomes e já se posicionou contra esse projeto. Por fim, o dano histórico será caracterizado com o desrespeito ao artigo 216 da Constituição Federal. Esse artigo afirma constituir patrimônio cultural os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto", completou Mário Sérgio.




Sociedade
O historiador disse que o estudo sobre os impactos culturais e históricos com relação ao empreendimento da construtora Queiroz Galvão representa mais uma contribuição da sociedade civil na luta contra a instalação do depósito de lixo no Taboão. 
"Esse levantamento que estou apresentando é um complemento à análise do EIA-Rima do aterro feita pelo grupo Falcão Bauer por encomenda da Prefeitura de Mogi. O estudo da Falcão Bauer teve um perfil mais técnico, como não deveria deixar de ter. O nosso trabalho analisou questões relacionadas ao nosso patrimônio histórico e cultural, que poderá ser comprometido caso esse projeto seja implantado", arrematou. (B.S.)


Fonte:Mogi News