domingo, 13 de novembro de 2011

Ponte Nova abriga aves capturadas

natureza Na área da represa de Ponte Nova, aves voltam ao seu habitat após fazer treinamento de voo


DANILO SANS
A Barragem da Ponte Nova, em Salesópolis, é um dos dois locais utilizados pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee) para a reintegração à natureza de animais silvestres capturados das mãos de traficantes ou em cativeiros clandestinos no Estado de São Paulo. Desde 2005, cerca de 30 mil animais foram reinseridos no meio ambiente pelo órgão. Somente em Salesópolis, 1.622 bichos, em especial aves, puderam voltar ao seu habitat natural.


O trabalho de reinserção é realizado pelo Cras (Centro de Recuperação de Animais Silvestres), administrado pelo Daee dentro do Parque Ecológico do Tietê. Apesar do centro de triagem existir desde 1986, somente em 2005 foram estabelecidas diretrizes para essa atividade.


De acordo com a médica veterinária do Cras, Liliane Milanelo, dos cerca de sete mil animais recebidos todos os anos, apenas 60% conseguem voltar ao habitat natural. "Cerca de 25% chegam já em óbito ou acaba morrendo, e os demais, que não têm aptidão para soltura, são encaminhados para criadouros para reprodução", informa.


Além de Salesópolis, o Daee possui outra área para soltura, que fica no Sítio São Judas Tadeu, em Miracatu, a 116 quilômetros da Capital. Ambas recebem aproximadamente cinco lotes de animais anualmente.


Além do tráfico, os animais chegam ao Cras por meio de resgates feitos pela Polícia Militar Ambiental, Corpo de Bombeiros e Centro de Controle de Zoonoses, além de algumas entregas voluntárias. "Acontece bastante de o animal chegar com queimaduras ou eletrocutado. Muitos deles são vítimas de incêndios florestais, como macacos, veados, jabutis e lagartos", conta.


Das cerca de 227 espécies que são recebidas, 84% são de aves. Todas são catalogadas e recebem tratamento veterinário. Antes de ser soltas, as aves ainda recebem treinamento de voo, são divididos em grupos para socialização e permanecem por um tempo em um viveiro.


"Esse treinamento de voo é realizado em um viveiro maior. É necessário porque muitos pássaros tiveram de passar boa parte da vida em gaiolas", conta. Ela explica que o animal não perde sua capacidade de voar, então o treinamento tem como objetivo apenas recuperar o condicionamento físico do pássaro.


As áreas de Salesópolis e Miracatu recebem principalmente pássaros pequenos e médios, em geral já na idade adulta. Em Ponte Nova, também é feito o monitoramento de gralhas, maritacas, gaviões, corujas, além de cachorro-do-mato e gato-do-mato. Dependendo da espécie, o animal pode ser solto ainda em outras 18 áreas particulares disponíveis.


Antes de voltarem à natureza, as aves passam por uma avaliação da penagem, do peso e do restabelecimento das condições de voo. Os mamíferos precisam exibir pelagem em bom estado, peso e locomoção normal. Já os répteis devem mostrar ótima escama ou placas córneas íntegras, postura e manterem a capacidade de se locomover.


Já aqueles que não reúnem condições de voltar ao habitat, ou por terem perdido o instinto silvestre ou por apresentarem condições de mutilação, seguem para criadores legalizados. O mesmo destino é dado às espécies em ameaça de extinção, como a arara azul.


Fonte:O Diário de Mogi