quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Dilma perde o sexto ministro e negocia com o PC do B o substituto de Orlando

Ex-dirigente do Ministério do Esporte deixou cargo após 12 dias sob denúncias de desvio de dinheiro público; Aldo Rebelo e Flávio Dino estão entre os cotados para assumir pasta


Vera Rosa e Tânia Monteiro, de O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - Às vésperas de completar um ano de sua eleição ao Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff demitiu o sexto ministro em apenas dez meses de governo. Alvejado por acusações de desvio de dinheiro para abastecer o caixa do PC do B, o titular do Esporte, Orlando Silva, entregou o cargo na noite desta quarta-feira, 26, um dia depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) anunciar a abertura de inquérito para investigar denúncias de seu envolvimento em crimes contra a administração.


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Ao lado do presidente do PC do B, Renato Rabelo, Orlando Silva fala sobre sua demissão - Andre Dusek/AE - 26.10.2011


Andre Dusek/AE - 26.10.2011
Ao lado do presidente do PC do B, Renato Rabelo, Orlando Silva fala sobre sua demissão
Dilma se reúne nesta quinta-feira, 27, com a cúpula do PC do B para definir o substituto de Orlando, depois do impasse que marcou as últimas tentativas de negociação com o partido aliado. São cotados para a pasta os deputados comunistas Aldo Rebelo (SP), Luciana Santos (PE) e o presidente da Embratur, Flávio Dino (MA). O secretário executivo do Esporte, Waldemar de Souza - também filiado ao PC do B - assumirá interinamente o cargo.


Orlando conversou com Dilma por meia hora, nessa quarta, no Palácio do Planalto. Jurou inocência e só deixou o cargo porque foi pressionado pelo governo. Sua intenção era resistir, mas, logo cedo, Dilma pediu ao ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, que o alertasse sobre a necessidade do pedido de demissão após a decisão do Supremo. A presidente alegou, ainda, que a crise política poderia abalar a credibilidade do Brasil na organização da Copa do Mundo de 2014.


"Eu saio com a consciência do dever cumprido, para me defender de todas as calúnias e mentiras", disse Orlando, com os olhos marejados. "Minha honra foi ferida. Foram 12 dias de ataque baixo e vil . Saio para defender a minha honra e a do meu partido", emendou. O prolongamento da crise, porém, trouxe à tona uma série de fraudes no programa Segundo Tempo, reveladas pelo Estado, e problemas em convênios com organizações não-governamentais (ONGs).


Dominó. Dos seis ministros que caíram até agora na equipe de Dilma, cinco estavam envolvidos em denúncias de corrupção. Mas foi a primeira vez que a turbulência atingiu o tradicional aliado do PT. Num primeiro momento, o PC do B se recusou a indicar nomes para substituir Orlando, que assumiu o Esporte em 2006, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. O partido voltou atrás quando percebeu que o desgaste era irreversível.


A presidente planejava demitir Orlando desde a semana passada, mas, na sexta-feira, ao retornar de uma viagem à África, decidiu lhe dar um voto de confiança para evitar o rito sumário e não ficar a reboque de acusações publicadas na imprensa.


Fonte:O Estado de S.Paulo