sábado, 22 de outubro de 2011

Após vexame, governo tenta consolidar Enem


SÃO PAULO
A terceira edição do novo modelo do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) começa hoje às 13 horas, horário de Brasília. Com histórico de vazamento, erros de impressão, brigas na Justiça e transtornos para os estudantes, a edição 2011 do Enem é mais uma chance de o governo federal consolidar o exame como substituto do vestibular. Em todo o Brasil, são esperados 5.366.780 inscritos. Os candidatos enfrentam 90 questões das áreas de ciências da natureza e ciências humanas. Amanhã é hora de linguagens, matemática e redação.


Adotado como processo seletivo por dezenas de universidades - algumas de modo exclusivo, outras como parte do processo -, os mais de 5 milhões de inscritos representam um recorde para o exame. Não por acaso, tem merecido crescente atenção específica em escolas e cursinhos pré-vestibulares.


Mapeamento dos inscritos mostra que 46% - o equivalente a 2,4 milhões de pessoas - têm mais de 21 anos. Dessas, 771 mil têm mais de 30 anos - o que responde a 14% do total. É o caso do bancário e vestibulando Williams Reis Antunes, de 45 anos. Morador de Santo André, no ABC paulista, Antunes vai tentar uma "nova jornada" na vida. "Como o Enem substituiu vestibulares nas unidade federais, eu me inscrevi. Fiz um simulado e dei uma olhada nas provas anteriores. Estou apostando nas atualidades e na interpretação para me sair bem", conta ele.


A chance de Antunes se dar bem não é pouca, uma vez que a prova favorece a interpretação de texto. A também vestibulanda Carina Bezerra, de 38 anos, decidiu voltar ao cursinho para correr atrás de um sonho antigo: ser médica. "Eu me formei ano passado em Biomedicina, mas sempre quis Medicina. Comecei em março o cursinho, parei de trabalhar e estou me dedicando só para isso", diz ela, aluna do Cursinho da Poli.


Interessada em uma vaga na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que usa a nota do Enem como primeira fase, Carina tem uma ajuda especial. "Meus estudos são em família. Converso muito com meu filho, que também vai fazer a prova, e com a minha filha, que vai fazer no ano que vem". No Estado de São Paulo, que têm o maior número de inscritos no Enem, 13,4% deles têm mais de 30 anos.


Se o recorte por idade mostra a grande participação de candidatos com mais de 21 anos, há participação também grande de alunos procedentes do sistema de Educação para Jovens e Adultos (EJA). São 463 mil inscritos com essas características. A participação desse público no total de inscritos em cada Estado varia, em geral, entre 6% e 10%. Mas dois Estados têm mais de 20% dos inscritos vindos do EJA: Rondônia e Roraima, ambos na Região Norte do País.


O vigia Marco Aurélio Matos, de 29 anos, morador de Boa Vista, capital de Roraima, conseguiu no ano passado, via Enem, o certificado de conclusão do ensino médio.


Matos havia abandonado os estudos antes de completar o segundo ano do ensino médio. Então ele recorreu ao sistema EJA para se formar. Agora, quer a universidade. "Acho que ainda estou com as coisas frescas na cabeça", afirma o vigia.


Fonte:O Diário de Mogi