domingo, 4 de setembro de 2011

Roubo de carga cresce na Região


MARA FLÔRES
Ao contrário do verificado na maioria das regiões brasileiras, as estatísticas do primeiro semestre deste ano indicam uma tendência de aumento nos roubos de carga no Alto Tietê. Só nos seis primeiros meses de 2011, 144 ocorrências foram contabilizadas nos municípios locais, segundo dados da Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de São Paulo (Fetcesp), o que corresponde a 70% do total de registros feitos no ano passado inteiro – em 2010, foram 206 casos. As estimativas do último semestre apontam para um prejuízo de R$ 6 milhões aos transportadores que trafegam pelas avenidas e rodovias que cortam a Região.
Os dados da Fetcesp mostram que a maioria dos roubos de cargas aconteceu nas áreas urbanas municipais. Foram 88 ocorrências, sendo que Itaquaquecetuba lidera o ranking com 32 casos, seguida de Suzano, com 16 registros, e de Mogi das Cruzes e Ferraz de Vasconcelos, com 11 casos cada uma. As rodovias, por sua vez, somaram 56 roubos e as mais visadas pelos marginais foram a Presidente Dutra, a Mogi-Dutra e a SP-66 (veja quadros nesta página).
Ainda que não coloque a Região entre as áreas mais críticas em roubos de carga no Estado de São Paulo - que são a Capital, Campinas e Jundiaí -, o índice de ocorrências registrado no primeiro semestre acendeu a luz de alerta sobre o Alto Tietê. "No cenário estadual, a área de Mogi ainda não está entre as mais perigosas, mas dentro da realidade regional, as estatísticas são preocupantes porque indicam um crescimento no número de ocorrências quando a tendência geral é de queda", ressalta o coronel Paulo Roberto de Souza, assessor de segurança da Federação das Empresas.
Os dados da Fetcesp mostram que depois de atingir o auge de ocorrências em 2008 e 2009, com 219 e 283 registros, respectivamente, o Alto Tietê contabilizou uma queda nesse tipo de crime no ano passado – foram 206 casos. Mas o balanço do primeiro semestre de 2011 aponta para uma nova elevação dos indicadores e, se mantida a tendência registrada de janeiro a junho, a Região poderá chegar ao final deste ano com números até superiores aos de 2009.
"Não existe um raciocínio lógico para explicar isso. Mas uma situação que pode estar influenciando nesses números da Região é o reforço no policiamento ocorrido na Capital, em especial, nas marginais Tietê e Pinheiros. Quando há uma concentração maior de esforços num determinado local, a tendência é de que haja um deslocamento das ocorrências. Como dizem, bandido não muda de profissão, mas muda de lugar. Então, como está mais difícil agir na Capital, os marginais podem estar atuando mais nas outras localidades, como no Alto Tietê", destaca o coronel. "Compete, agora, as autoridades policiais tomarem providências para reduzir essas ocorrências na Região. Essas estatísticas chegam aos comandos e a sua finalidade é exatamente ajudar nas estratégias de policiamento", acrescenta o assessor de segurança.
No geral, em 22% dos casos as quadrilhas levam não só a carga, como também os caminhões e carretas, aumentando ainda mais os prejuízos. Mas, normalmente, o alvo principal dos ladrões são os carregamentos. No Alto Tietê, as ocorrências registradas no primeiro semestre indicam que as cargas fracionadas são as mais roubadas (10 casos), seguidas daquelas formadas por produtos metalúrgicos (7), alimentícios (6) e químicos (6).
No que se refere as áreas urbanas, apenas Biritiba Mirim, Salesópolis e Santa Branca (incluída pela Federação no eixo do Alto Tietê, por conta da Rodovia Nilo Máximo – SP-77 -, que liga o município a Salesópolis) não tiveram registros de roubos de carga no último semestre. Em compensação, só Itaquaquecetuba e Suzano somaram 48 ocorrências, ou seja, mais da metade dos casos que tiveram avenidas e estradas como o ponto de partida das ações dos marginais.
Agora, quando as quadrilhas preferem rodovias, a Presidente Dutra é o principal alvo no Alto Tietê. Foram 39 ocorrências no primeiro semestre só no trecho que corta a Região, mais precisamente, os municípios de Arujá e Santa Isabel.
Mas são os números registrados na Rodovia Mogi-Dutra que chamam a atenção da Fetcesp. A estrada apareceu pela primeira vez com destaque nas estatísticas oficiais em 2008, quando contabilizou 18 roubos de carga. A publicidade dada ao fato gerou operações policiais que acabaram contribuindo na redução dos casos registrados em 2009 e em 2010 – seis e três. Porém, só no primeiro semestre deste ano foram sete registros. "Possivelmente, houve um relaxamento na atenção dessa rodovia", comenta o coronel.
Além da Mogi-Dutra, as rotas mais perigosas para os transportadores de cargas no Alto Tietê são a Rodovia SP-66, no trecho entre Itaquaquecetuba e Suzano (quatro ocorrências), a Ayrton Senna (3) e a Índio Tibiriçá (2). A Mogi-Bertioga, que é campeã em acidentes, teve um único roubo de carga até o momento.
Cenário
Em todo o Estado de São Paulo, foram 3.345 roubos de carga registrados no primeiro semestre deste ano, o que corresponde a um prejuízo estimado em R$ 148,7 milhões (a conta é feita a partir dos valores dos seguros pagos). Apesar de significativos, os números ainda são 8,2% menores do que os registrados em 2010.
As estatísticas da Fetcesp mostram que 51,63% das ocorrências do Estado são registradas na Capital, seguida das rodovias (21,97%), da Grande São Paulo (17,25%) e do Interior (9,15%).
Os dados também revelam que as terças e quartas-feiras são os dias da semana que mais contabilizam ocorrências, enquanto que os sábados e domingos registram os menores índices. E não pense que o período noturno é o mais perigoso. Segundo as estatísticas, os horários preferidos para a ação dos marginais são entre 10 e 12 horas (19,40% dos casos), 12 às 14 horas (16,14%) e entre 8 e 10 horas (14,14%).

Fonte:O Diário de Mogi