sexta-feira, 16 de setembro de 2011

‘PMDB é fundamental’, diz Dilma

ESTRATÉGIA A presidente Dilma Rousseff usou o Fórum Nacional do PMDB ontem para minimizar o impacto da segunda demissão de um ministro da legenda envolvido em escândalos no intervalo de um mês


BRASÍLIA


Preocupada em manter cimentada a coalizão com o PMDB, a presidente Dilma Rousseff desempenhou ontem o papel de mestre de cerimônia do Fórum Nacional do partido para minimizar o impacto da segunda demissão de um ministro da legenda envolvido em escândalos no intervalo de um mês.


Um dia depois de demitir o deputado Pedro Novais (PMDB-MA) do Ministério do Turismo, Dilma distribuiu elogios à legenda. "O PMDB é o parceiro fundamental no meu governo", disse Dilma, que chegou ao Centro de Convenções Ulysses Guimarães, ao lado do vice-presidente Michel Temer e aplaudida pela plateia.


"Agradeço a ação firme do PMDB, por meio do apoio que as suas bancadas na Câmara e no Senado prestam ao meu governo, bancadas sempre presentes e leais, quando estão em jogo interesses do País e as demandas do povo brasileiro", disse Dilma, após exaltar a "eficiência e lealdade" de Temer e falar do relacionamento "estreito e efetivo" que mantém com ele.


Até o final da manhã a ida de Dilma ao encontro do PMDB não estava confirmada. Mas, para tentar amenizar os problemas que vem enfrentando com o partido a presidente foi aconselhada a não faltar ao evento, principalmente por conta de demissão de Novais, um dia antes, envolvido em irregularidades, quase um mês depois da saída de Wagner Rossi da Agricultura, também atingido por denúncias de corrupção.


Em seu discurso de cerca de meia hora, a presidente Dilma cometeu pelo menos dois equívocos. O primeiro, ao dizer que o Brasil estava dando sequência à transformação iniciada pela aliança com o partido iniciada em 2003. Só que o PMDB só ingressou formalmente na aliança com o PT no segundo mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


No primeiro mandato, apenas alguns peemedebistas dissidentes haviam se aliado ao governo. "É hora de fazer cada vez mais. Por isso conto com os senhores, na maior tradição do PMDB", emendou Dilma. Na plateia, bastante paparicado, estava o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que emplacou o substituto de Novais.


O segundo, foi quando a presidente Dilma destacou que democracia e justiça social são vínculos indissolúveis, lembrando palavras de Ulysses Guimarães. "O Estado de direito não pode conviver com o Estado de miséria", ressaltou. A presidente, no entanto, errou ao citar o slogan do seu governo, quando falava sobre o combate à desigualdade. "Acredito no lema do meu governo: país rico é país sem miséria". Só que o slogan oficial é "País rico é país sem pobreza".


Dilma não deixou de agradecer a todos os peemedebistas que lhe deram apoio para as eleições presidenciais de 2010 e fez questão de lembrar que este é um governo de coalizão. Pediu ajuda para que o PMDB e os demais partidos da base ajudassem a aprovar o Pronatec - Programa nacional de acesso ao ensino técnico e emprego, que aguarda votação do Congresso e fez um balanço de várias atividades do governo, defendendo melhorias na educação, saúde e segurança.


Ela encerrou o discurso fazendo muitos elogios à articulação política promovida por Temer, exaltando os méritos do PMDB e a importância de governos de coalizão. "Muitos consideram mais fácil comandar governos de partido único. Aqui em nosso país essa não é a maneira de que nós gostamos. Não é a maneira democrática de governar", disse Dilma.


"Nós somos um governo de coalizão e esse governo de coalizão exige de nós maior capacidade de articulação política, maior democracia nas nossas relações, mas ele também reflete a pluralidade e a complexidade da própria sociedade brasileira e também as características participativas da democracia brasileira", prosseguiu a presidente, que encerrou seu discurso dizendo que foi essa democracia que nos trouxe até aqui.


"Nós só estamos aqui porque esse é um país democrático e eu sou a primeira mulher a exercer a presidência da República", completou, avisando que vai defender o país daqueles que querem fazer o país andar para trás, levando de roldão as conquistas sociais do povo brasileiro "Vamos defendê-la com a força do povo que nunca nos faltou e não faltará", declarou.




Fonte:O Diário de Mogi