sexta-feira, 1 de julho de 2011

Dilma cede e vai pagar emendas


POLÊMICA Declaração feita pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, deixa o Congresso em pânico


BRASÍLIA




Depois de ceder à pressão dos partidos aliados na Câmara e prorrogar por mais três meses o prazo para pagamentos de emendas parlamentares aprovadas em 2009, a presidente Dilma Rousseff teve de agir rápido para evitar uma nova crise entre seu governo e os parlamentares.


Declaração do ministro da Fazenda, Guido Mantega, feita por volta do meio-dia de hoje, vinculavam o atendimento do pleito dos deputados à suspensão de novas liberações de emendas dos parlamentares. Isso deixou o Congresso em pânico e as reações logo começaram a fazer eco no Palácio do Planalto.


Cinco horas depois, a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) foi acionada pela presidente para desfaze o mal-estar causado por Mantega.


Ideli assegurou que o governo vai fazer o empenho das emendas do ano passado. A expectativa é de que isso comece a ser posto em prática em agosto, embora a ministra não tenha precisado datas. Cinco horas antes, numa declaração em que evitou responder a qualquer pergunta, Mantega afirmou: "A liberação de novas emendas fica postergada para depois da validade do decreto (30 de setembro)".


Mantega liderou os contrários à prorrogação dos prazos para a liberação das emendas de 2009 ainda não pagas, em torno de R$ 4,5 bilhões, conforme cálculos do governo.


A ministra Ideli informou ainda que o governo está fazendo um levantamento das emendas dos parlamentares que não foram eleitos. A ideia é que os valores das emendas deles sejam repassados para atender pedidos de congressistas novatos. Estas emendas entrariam num pacote de obras nacionais e não em nome de um deputado específico.


Para o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), um dos líderes do movimento que exigiu a prorrogação do prazo para o pagamento das emendas de 2009, se o governo começar a empenhar os valores das de 2010 a partir de agosto ou setembro, a base aliada considera-se atendida.


Henrique Alves viajou para seu Estado e de lá para os municípios de Macaíba e Brejinho, para comemorar com os prefeitos destas cidades a decisão de Dilma Rousseff de prorrogar o decreto - obras em execução nos dois locais estavam ameaçadas se fosse mantida a data de 30 de junho para a suspensão dos repasses.


Pacificados os 18 partidos que apoiam o governo na Câmara, a presidente Dilma Rousseff quer agora que os deputados votem a Medida Provisória 528, que reajusta a tabela do Imposto de Renda, o projeto de lei com urgência constitucional que cria o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).


Com a base unida a presidente considera que será fácil evitar que os partidos de oposição aumentem substancialmente o reajuste da tabela do IR com suas emendas, além de fugir das armadilhas que estão sendo postas na LDO, como a liberação obrigatória de R$ 6 bilhões em emendas dos parlamentares.


Nesta semana a ministra Ideli Salvatti passou por seguidas tensões, pois defendia a prorrogação do prazo para o pagamento das emendas parlamentares de 2009 e encontrava na presidente Dilma Rousseff uma forte resistência. A presidente cedeu somente depois de ver que os deputados não brincavam quando a ameaçavam com um apagão de votações.


Para Ideli, o ideal seria reduzir o valor das emendas dos parlamentares. Atualmente o teto é de R$ 13 milhões. Esse dinheiro é pulverizado em pequenas obras para os municípios onde os congressistas buscam votos, como pontes, ginásios de esporte, centros de saúde, compra de ambulâncias e asfaltamento de ruas. Ela acha que os valores são irreais e o dinheiro acaba não sendo integralmente liberado.


Fonte:O Diário de Mogi