domingo, 5 de junho de 2011

Indefinição de Dilma afeta Palocci

BRASÍLIA
Desde janeiro o presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e o governador do Ceará, Cid Gomes, do mesmo partido, tentam fechar a negociação com o Palácio do Planalto para nomear uma pessoa ligada à legenda para o comando do Banco do Nordeste (BNB). O PT do Ceará resistiu e firmou-se na defesa do atual presidente, Roberto Smith. A negociação ficou tão arrastada que, com a demora, PT e PSB acabaram se unindo em torno da ideia de manter Smith no cargo.


A discussão em torno do BNB é usada pelos aliados como uma prova de como a presidente Dilma Rousseff, cinco meses depois de assumir o Planalto, tem se revelado sem jogo de cintura para negociar com a lista de 15 partidos aliados no Congresso. Eles reclamam da lentidão das decisões, o que depõe contra a fama de ‘gerentona’ que ela ganhou quando chefiava a Casa Civil no governo do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva.


As queixas vão dos partidos maiores, como PMDB e PT, passam pelos médios, a exemplo do PSB, e chegam aos pequenos, entre eles o PSC. O tema de todos eles é quase um mantra. Quando são recebidos, contam: "Dilma ouve, ouve, anota e anota, mas não toma as providências pedidas". Na descrição dos líderes, se ligam para Antonio Palocci, o atual chefe da Casa Civil não dá retorno. Se procuram o ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio, têm a impressão de que foram a algum lugar errado e não ao gabinete daquele que tem por incumbência encaminhar os pedidos dos partidos aliados.


O tom de lamúria da base, antes em forma de cochicho, aumentou nos últimos 20 dias, com a crise política gerada pelas dúvidas em relação à atuação da empresa de Palocci e com a votação do Código Florestal pela Câmara, quando a base aliada mostrou que continua atrás dos cargos prometidos e nunca entregues pelo Planalto.


No caso do Banco do Nordeste, a demora em decidir fez os partidos da base oferecerem mais algumas opções, todas de apadrinhados do Ceará. Mais uma vez, nem PT nem PSB obtiveram resposta da presidente - que ainda jogou mais um personagem no cenário da negociação ao insinuar que a nomeação ficaria a cargo do ministro da Fazenda, Guido Mantega.


Mantega, de fato, cumpriu o roteiro e ofereceu um nome para a presidência do BNB, o de Miguel Terra Lima, funcionário de carreira do Banco do Brasil. Mas PT e PSB rejeitaram a escolha.


No PMDB a situação é semelhante à do PSB. Líderes do partido dizem que não têm interesse em agravar a crise política iniciada por Palocci. Afirmam que se contentam com a nomeação das 50 pessoas que indicaram para diretorias de estatais e bancos espalhados pelo País. O problema é que a nomeação deles não sai nunca.


Já o PT tem num fato ocorrido com o senador Walter Pinheiro (BA) o exemplo do descaso com o que o partido é tratado no Palácio do Planalto. Durante as discussões da emenda constitucional que visa a mudar a tramitação das medidas provisórias - de alto interesse do governo -, Pinheiro ligou para Palocci para trocar ideias sobre uma alteração que pretendia apresentar. Não recebeu nenhuma resposta.


Fonte:O Diário de Mogi