domingo, 5 de junho de 2011

Análise: Lixo é ainda o grande vilão do meio ambiente na região

Alternativas para a destinação correta dos detritos produzidos pela população do Alto Tietê precisam ser amplamente discutidas para que se chegue a uma solução
Maurício Sumiya


Explosão no aterro do Pajoan, no município de Itaquá, e a sua interdição fortaleceram a discussão em torno da destinação do lixo produzido no Alto Tietê
O lixo é o assunto mais discutido em todo o Alto Tietê no momento. O que fazer com todo o resíduo produzido pela população? Onde descartá-lo sem agredir o meio ambiente? Com o aterro Pajoan, em Itaquaquecetuba, interditado há praticamente um mês, a grande preocupação está em descartar o lixo da região em local adequado.


Existem até os que defendem a instalação de um aterro sanitário em Mogi, no Taboão, e os que repudiam tal solução. Por enquanto, todo o lixo da cidade está sendo despejado no aterro Anaconda, em Santa Isabel, mas de forma provisória. 
De acordo com a CS Brasil, empresa do Grupo Julio Simões responsável pela limpeza urbana de Mogi, este aterro é certificado para receber os resíduos da cidade desde 2004 e tem capacidade para atender à demanda do município.


Além da interdição do Pajoan, os danos causados ao meio ambiente com a explosão do local, no dia 25 de abril deste ano, fizeram com que a Secretaria de Estado do Meio Ambiente cassasse a Licença de Operação a Título Precário (LOTP) do aterro. A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) também informou que o Pajoan operava sem a devida licença. O órgão avaliou que a empresa apresentou riscos e falhas que resultaram no grave acidente, levando abaixo 450 mil toneladas de resíduos sólidos, contaminando a água e o solo e causando interferências nas atividades da população do entorno do aterro, mais especificamente nos Jardim Lucinda e Cidade Nova Louzada.


Os danos culminaram com a interdição definitiva do aterro, que operava havia 11 anos em Itaquá, recebendo lixo de oito das dez cidades do Alto Tietê.




Opinião
Segundo o engenheiro ambiental Renato Faury, a discussão sobre os lixões na região não passa de uma guerra financeira. Muitos estão interessados em receber o lixo pago por metro cúbico pelas prefeituras do Alto Tietê. Para ele, a falta de um aterro, no entanto, é positiva, pois, assim, a sociedade é obrigada a separar o resíduo para a reciclagem, diminuindo a quantidade de lixo a ser aterrado. "Além do mais, os aterros são soluções obsoletas, pois resolvem o problema do lixo produzido pela população, mas não resolvem o problema ambiental", completa.


Para o biólogo, especialista em ecologia, Agostinho Salem Coelho, os aterros sanitários, hoje, já são considerados fora de época. São todos nocivos ao meio ambiente. "Existem novas alternativas ligadas à reciclagem que são muito mais modernas e eficientes do que os aterros sanitários", informa.


De acordo com o ambientalista José Arraes, antes, a região do Pajoan, era um vale, que foi ocupado. Para piorar, apareceu uma montanha (de detritos) que equivale, hoje, a um prédio de seis andares. "Quando o acidente ocorreu, estive lá e observei que os resíduos desmoronados estavam intactos, ou seja, nenhum componente enterrado tinha se ´integrado´ à natureza", conta Arraes.

Fonte:Mogi News