terça-feira, 3 de maio de 2011

Presidente do Paquistão nega que país soubesse de paradeiro de Bin Laden

Presidente do Paquistão nega que país soubesse de paradeiro de Bin Laden

Em artigo no 'Washington Post', Zardari diz que Paquistão não é 'foco de fanatismo' e é a maior vítima do terrorismo mundial

03 de maio de 2011 | 4h 57
ISLAMABAD - O presidente do Paquistão, Asif Ali Zardari, negou que as autoridades do seu país soubessem do paradeiro de Osama Bin Laden, afirmando que o país "nunca foi nem nunca será o foco de fanatismo que é muitas vezes descrita pela mídia".
Jonathan Ernst/Reuters
Jonathan Ernst/Reuters
Presidente do Paquistão ao lado de Obama na Casa Branca em 2009

A afirmação foi feita em um
artigo assinado por ele e publicado nesta terça-feira, 3, pelo diário americano The Washington Post.
Zardari também negou que a morte do líder da Al-Qaeda, em uma mansão próxima a uma academia militar paquistanesa, seja um sinal da incapacidade de seu país combater o terrorismo.
No artigo, ele afirmou que seu país é "talvez a maior vítima mundial do terrorismo".
Bin Laden foi morto por uma operação de forças americanas na cidade paquistanesa de Abbottabad. O Paquistão não participou da ação.
Academia militar 
Ao comentar a ação, na segunda-feira, 2, o principal assessor da Casa Branca para assuntos de segurança nacional de contraterrorismo, John Brennan, afirmou que era "inconcebível que Bin Laden não tivesse um sistema de apoio no país que permitisse a ele ficar lá por um longo tempo".
A mansão em Abbottabad na qual Bin Laden foi morto fica a apenas algumas centenas de metros da Academia Militar do Paquistão, o principal centro de formação de oficiais do país.
"Essas especulações infundadas (de que autoridades sabiam do paradeiro de Bin Laden) podem produzir notícias emocionantes, mas não refletem a realidade", disse ele.
"O Paquistão teve tanta razão para desprezar a Al-Qaeda como qualquer outra nação. A guerra contra o terrorismo é tanto a guerra do Paquistão como é da América."
Ele disse que o Paquistão, que tem sofrido repetidos ataques terroristas contra civis e contra seus serviços de segurança, "tinha pago um preço enorme por sua luta contra o terrorismo".
"Mais de nossos soldados morreram do que todas as vítimas da Otan juntas. Dois mil policiais, quase 30 mil civis inocentes e uma geração de progresso social para o nosso povo foi perdida."
Zardari acrescentou que o Paquistão não seria intimidado pelas ameaças da Al-Qaeda.
'Parceria' 
Autoridades dos EUA disseram que o Paquistão não esteve envolvido na operação para matar Bin Laden.
Mas Zardari disse que, embora os dois países não tenham trabalhado juntos na operação específica, "uma década de cooperação e parceria entre os Estados Unidos e o Paquistão levaram à eliminação de Osama Bin Laden como uma ameaça constante para o mundo civilizado".
Zardari não deu nenhuma explicação de como Bin Laden havia sido capaz de viver em relativo conforto no Paquistão, mas simplesmente disse que o saudita "não estava em qualquer lugar que havíamos previsto que ele estaria".
O correspondente da BBC em Islamabad Syed Shoaib Hasan diz que os comentários do presidente não são nenhuma surpresa, mas deixam muitas perguntas difíceis sem resposta.
O governo está em uma posição muito difícil, diz Hasan - internamente o público está inflamado, enquanto os Estados Unidos agora querem saber se as outros indivíduos procurados podem ter encontrado refúgio no país.
O silêncio dos serviços de segurança do Paquistão é talvez o aspecto mais surpreendente até agora, diz o correspondente.
Os Estados Unidos anunciaram nesta terça-feira o fechamento de sua embaixada na cidade paquistanesa de Karachi e de seus consulados em Peshawar, Lahore e Karachi para os serviços de rotina até segunda ordem, por motivos de segurança.
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Fonte: O Estado de S.Paulo