terça-feira, 3 de maio de 2011

Boca no trombone: Roseli, a moradora de rua

Boca no trombone
Roseli, a moradora de rua
Marilei Schiavi



Conheci ontem a Roseli Batatinha. Uma mulher de 35 anos, baixinha, faladeira e que me procurou na Rádio Metropolitana AM 1070 para pedir ajuda para ela e suas "colegas". A Roseli mora nas ruas de Mogi há quatro anos. "Na rua, a vida passa de um jeito... Sei que já passei quatro natais na rua", disse.

Ela não bebe, não fuma, não usa drogas. E tem dois filhos, a Fabiana (de 15 anos) e o Vanderlei (de 16 anos) do mesmo pai, que sumiu para não pagar pensão e nem se responsabilizar pelas crianças e agora adolescentes. A Roseli me disse que os dois filhos moram com a sua família, mas ela não consegue se dar bem com os irmãos porque nunca teve dinheiro. "Minha irmã gosta só de quem tem grana. Só dá valor para as coisas materiais", analisou.

Roseli nasceu em Itaquaquá, perdeu a mãe quando tinha seis anos de idade e foi criada pelo pai que a levava de um canto a outro como vendedor ambulante. Ela veio morar em Mogi quando tinha nove anos. Quando tinha 20 e poucos anos morreram seu pai e um dos seus irmãos.
Roseli é uma pessoa que conhece seus direitos, já trabalhou com carteira assinada e tudo. Varria as estações de trem de Mogi e também a Estudantes. "Foi a melhor fase da minha vida", mas perdeu o emprego e não tinha como pagar as contas. Foi morar na rua. A vida foi dura com ela e também com um irmão dela, o Messias Cebola, que também mora nas ruas de Itaquá. Só que ele é dependente químico e usa drogas.

Como Roseli falava muito em Jesus Cristo, eu perguntei se ela era evangélica ou católica. Ela respondeu: "Tenho fé em Jesus, porque sem ele a gente não é nada". E aí veio a minha pergunta: "mas, por que ele deixou você chegar nessa situação de morar na rua?" Ela, prontamente, respondeu: "Ele me deixou na rua para ajudar os pobres. Vai preparar uma casinha para mim".

Roseli quer ajuda para ela e outras dez ou 15 mulheres que moram nas ruas. Segundo a assistente social da Pelegrinos Kelly dos Santos, em Mogi tem dez moradoras de rua. Já a Roseli contesta a informação afirmando que conhece 15 mulheres que moram nas ruas da cidade. Na Abomoras, a Associação Beneficente Onde Moras, só aceitam homens e segundo o gestor social Giovani Mendes teria que ter infraestrutura para receber mulheres, mas precisaria de investimentos.
Marinês Piva, secretária de Assistência Social de Mogi, disse que aumentou muito o número de mulheres nas ruas. Ela está trabalhando para fazer um acordo com a Pelegrinos para ampliar o atendimento para mulheres. E daqui a dois meses Mogi vai ter um Creas Pop, que é para a população de rua. Tomara que seja logo. O frio está chegando!

Fonte:Mogi News