sexta-feira, 27 de maio de 2011

Postura da Fiesp provoca revolta

Postura da Fiesp provoca revolta

Alexandre Barreira
A postura de Paulo Dallari, diretor de Meio Ambiente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que cedeu sua vaga para um advogado da Construtora Queiroz Galvão na reunião do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) da última terça-feira, quando foi votado o pedido de adiamento da audiência pública sobre a instalação do aterro sanitário no Distrito do Taboão, causou revolta em alguns integrantes do setor de Mogi das Cruzes, além do prefeito Marco Aurélio Bertaiolli (DEM).
O chefe do Executivo mogiano destacou que a Fiesp, com esta postura, traiu a Cidade. Renato Rissoni, 1º vice-diretor do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), concordou com o prefeito. "Ele (Bertaiolli) está certo sobre sua declaração. A entidade que integra as indústrias não pode atender a um pedido particular de um de seus representantes e se prestar a este tipo de papel. Esta atitude mostra que a Fiesp, neste caso, está a favor do empreendimento individual e não respeitou a opinião das indústrias que estão instaladas no Distrito do Taboão", declarou Rissoni.
"Todos sabem há muito tempo qual é a posição dos empresários que estão instalados no Taboão. Acho que a Fiesp realmente traiu os interesses das indústrias deixando isso acontecer durante a reunião do Consema", frisou.
O empresário foi além: "Realmente não sei o que ocorreu. Não fomos consultados a respeito deste assunto e achei a atitude um grande desrespeito. Jamais poderia fazer o que fez, dando o lugar para um representante da Queiroz Galvão, maior interessada no aterro sanitário. Foi uma traição", definiu.
O diretor da Associação Gestora do Taboão (Agestab), Roberto de Azevedo Amado Júnior, foi mais enfático em sua posição. "A Fiesp em nenhum momento consultou a Agestab, o Ciesp e o Sindicado de Especialidades Têxteis, do qual sou diretor. Foi uma atitude ilegal e ditatorial, feita para atender somente interesses particulares de um pequeno grupo que vai ganhar com este lixão, que transformará o Distrito do Taboão em um verdadeiro cemitério", declarou o empresário.
Amado Júnior também concorda com a reação do prefeito: "Vou mais além, não só traiu Mogi, mas toda a indústria. Foi uma atitude anti-indústria e significa que a Fiesp, com tal postura, está preferindo o lixão do que a indústria, da qual tinha que defender. Gostaria que a Fiesp mostrasse algum documento que tenha o apoio da Agestab na atitude que tomou".
Procurada pela reportagem de O Diário, a direção da General Motors do Brasil, uma das principais indústrias instaladas no Taboão, ressaltou, por meio da Assessoria de Comunicação, que está acompanhando os fatos sobre a intenção da Construtora Queiroz Galvão de instalar um aterro sanitário no local. "Aguardamos uma definição que permita a continuidade dos nossos investimentos no Município".
Ciesp/Fiesp
A Fiesp foi procurada ontem para falar sobre o assunto, mas a Assessoria de Imprensa da entidade afirmou que o escritório regional do sistema Fiesp/Ciesp é que iria se pronunciar sobre o tema.
O diretor do Ciesp/Fiesp do Alto Tietê, o empresário Milton Sobrosa Cordeiro, esteve em reunião ontem durante todo o dia, mas por meio de nota divulgada pela Assessoria de Imprensa, reforçou que o Ciesp/Fiesp é contra a instalação de um aterro sanitário no Distrito Industrial do Taboão. Ele esclareceu, ainda, que a postura adotada pelo representante da Fiesp na última reunião do Consema na terça-feira "foi somente a de, democraticamente e a pedido do sindicato filiado à entidade, permitir que a construtora Queiroz Galvão explicasse as suas razões para a realização da audiência do dia 21 de junho, assim como outros conselheiros cederam espaço para Mogi das Cruzes. Além disso, no momento da votação, o representante da Fiesp no Consema, Paulo Dallari, conforme verificado em imagens da reunião, foi favorável à prorrogação do prazo para a audiência". (leia correção na página 4, em Serviços)
Mais adiante, Sobrosa completa: "Assim como a Diretoria Regional, a Fiesp São Paulo não vê qualquer problema na concessão de mais prazo para que o Município possa reunir argumentos para uma melhor defesa. Diante do exposto, ainda, a Diretoria da Fiesp/Ciesp Alto Tietê reafirma que está ao lado de Mogi das Cruzes e das indústrias na luta contra a instalação de um aterro sanitário no Distrito Industrial do Taboão".

Fonte:O Diário de Mogi