sexta-feira, 27 de maio de 2011

Dilma decide romper o silêncio

Dilma decide romper o silêncio 

DEFESA Dilma considera episódio “lastimável” e explica que a Receita demorou dois anos para fazer a restituição do IR à empresa WTorre
BRASÍLIA
A presidente Dilma Roussef fez ontem uma defesa veemente do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, durante uma solenidade pública de assinatura de convênios para a construção de quadras esportivas nas escolas, na qual Palocci estava presente. "Palocci está dando todas as explicações. Espero que essa questão não seja politizada como (foi) ontem", disse a presidente, numa referência à questão levantada pelo PSDB em torno da restituição do imposto de renda da empresa WTorre, para a qual o ministro Palocci prestou consultoria.
Dilma considerou o episódio "lastimável" e explicou que a Receita Federal demorou dois anos para fazer a restituição do imposto de renda à empresa e que uma decisão judicial determinou o pagamento. "Não se trata de nenhuma manipulação. Lamento essa questão estar sendo politizada.
O Palocci está dando todas as explicações", reafirmou Dilma, completando que o ministro continuará prestando todos os esclarecimentos.
Após ceder à pressão da bancada católica e evangélica e suspender o kit anti-homofobia do Ministério da Educação (MEC), a presidente disse que o governo não fará "propaganda de opções sexuais" nem "interferirá na vida privada das pessoas".
O kit foi usado como moeda de troca para evitar a investigação do ministro Antonio Palocci, desgastado com suspeitas em torno de sua evolução patrimonial nos últimos quatro anos. Uma nova versão poderá ser preparada pelo MEC. "Não vai ser permitido a nenhum órgão do governo fazer propaganda de opções sexuais nem de nenhuma forma nós podemos interferir na vida privada das pessoas", afirmou Dilma à imprensa, após solenidade de doação de 30 mil bicicletas e capacetes pelo programa Caminho da Escola.
O kit de combate à homofobia seria composto por três vídeos e um guia de orientação aos professores. Os vídeos, com duração de 5 minutos, enfocariam transexualidade, bissexualidade e a relação entre duas meninas homossexuais.
O material seria enviado a 6 mil escolas de ensino médio no segundo semestre deste ano, com o objetivo de trazer para o ambiente escolar o reconhecimento da diversidade sexual e o enfrentamento do preconceito. "Eu não assisti aos vídeos. Mas não concordo com um pedaço que eu vi na televisão, passado por vocês. É uma questão que o governo vai revisar", disse a presidente, afirmando também que a sua administração luta contra a homofobia.
Todo material sobre "costumes" passará agora pelo "crivo amplo da sociedade e das bancadas interessadas, de acordo com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho.
Segundo o ministro da Educação, Fernando Haddad, Dilma avaliou que o material, da forma como estava, não combatia a homofobia. "A presidente entendeu que ele não foi desenhado de maneira apropriada para promover aquilo que pretende, que é o combate à violência, à humilhação dessas pessoas na escola, à evasão desse público", comentou o ministro.
O entendimento agora é o de que materiais dessa natureza sejam analisados por uma comissão da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, após terem passado por um grupo do ministério. "Elas (as comissões) vão fazer os apontamentos necessários para uma reformulação." Segundo Haddad, os vídeos "poderão ser integralmente refeitos".


Fonte:O Diário de Mogi