quinta-feira, 5 de maio de 2011

Doações ocultas somam R$ 500 mi

Doações ocultas somam R$ 500 mi

NÚMERO Apenas o PT, partido de Dilma e de Lula, contabiliza um déficit de quase R$ 16 milhões
BRASÍLIA
Os 12 maiores partidos políticos brasileiros repassaram no ano passado para campanhas eleitorais mais de R$ 500 milhões em doações ocultas. O dinheiro foi transferido a candidatos e comitês eleitorais, que não precisaram informar nominalmente quem estava colaborando com esses recursos para as suas campanhas. Por causa disso, o eleitor não tem como saber para qual candidato foi o dinheiro doado por uma determinada empresa ao partido político.
Conforme especialistas em legislação eleitoral, por mais que a Justiça tente inibir as doações ocultas essa tarefa é impossível porque "o dinheiro não é carimbado". As legendas arrecadam os recursos, principalmente de empresas, e na prestação de contas anual ao TSE declaram a identidade dos doadores. No entanto, os candidatos e comitês eleitorais que recebem a transferência desses recursos não são obrigados a especificar os nomes dos doadores.
O crescimento das doações ocultas foi expressivo. As eleições de 2006 e 2008 somadas atingiram R$ 320 milhões em doações que fizeram antes uma espécie de "pit stop" nos partidos antes de migrarem para os reais destinatários. No pleito municipal de 2008, por exemplo, aproximadamente R$ 250 milhões percorreram este caminho.
Outra herança da campanha do ano passado foi o resultado negativo quando se comparam receitas e despesas das 12 maiores legendas - PT, PMDB, PSDB, PP, DEM, PR, PSB, PDT, PTB, PSC, PC do B e PV.
De acordo com as prestações de contas entregues nesta semana ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o déficit das maiores legendas foi de quase R$ 40 milhões (diferença entre o que foi arrecadado e foi gasto). Como era esperado, os principais gastos de 2010 se concentraram na eleição na qual foram escolhidos a presidente da República, os 27 governadores, senadores, deputados federais, estaduais e distritais.
Só o PT, partido da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, teve um déficit de quase R$ 16 milhões. A legenda declarou ter obtido uma receita de R$ 212,3 milhões no ano passado (a maior entre todas as siglas) e despesas de R$ 228,3 milhões (também a maior). Apenas com transferências a candidatos, comitês eleitorais e direções partidárias foram consumidos R$ 158,1 milhões.
Sigla de José Serra, principal adversário de Dilma na disputa presidencial, o PSDB fechou o ano com um déficit de R$ 11,4 milhões, resultante do descompasso entre a receita (R$ 139,4 milhões) e as despesas (R$ 150,9 milhões).
Aliado do PSDB e atualmente enfrentando uma crise, o DEM fechou as contas de 2010 no vermelho. Conforme as informações prestadas ao TSE, o partido teve R$ 49,2 milhões de receitas e R$ 48,6 milhões de despesas.
O balanço dos partidos foi todo entregue em papel, posteriormente transformado em arquivo digital do tipo PDF pelo TSE. Apenas uma pequena parte, relativa ao patrimônio dos partidos, foi entregue em disco digital. No entanto, a parte referente a arrecadação do partido, que permite rastrear doadores e aumentar a transparência da prestação, chegou ao tribunal em documentos impressos.


Fonte:O Diário de Mogi