sexta-feira, 22 de julho de 2016

Santana diz a Moro que mentiu à PF para 'não destruir a Presidência'

Na ocasião, o marqueteiro disse que recebeu valores em contas no exterior referentes a campanhas para as quais ele trabalhou em outros países e negou que o dinheiro tinha relação com campanhas no Brasil

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 postado em 22/07/2016 09:40 / atualizado em 22/07/2016 13:33
 Agência Estado
 Marlene Bergamo/Folhapress -  10/10/2010
Marlene Bergamo/Folhapress - 10/10/2010

Em seu primeiro depoimento diante do juiz da Lava-Jato, o marqueteiro João Santana, que atuou nas campanhas eleitorais de Lula (2006) e Dilma Rousseff (2010 e 2014), confessou que mentiu à Polícia Federal quando depôs aos investigadores em fevereiro deste ano, logo após ser preso pela Lava-Jato, para "preservar" a presidente afastada Dilma Rousseff (PT).

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Na ocasião, o marqueteiro disse que recebeu valores em contas no exterior referentes a campanhas para as quais ele trabalhou em outros países e negou que o dinheiro tinha relação com campanhas no Brasil. João Santana e sua mulher e sócia Mônica Moura vinham atuando nos últimos anos em campanhas petistas, mas também em campanhas presidenciais em outros países, sobretudo na América Latina.

Nesta quinta-feira (21/7), o casal negou sua própria versão inicial e admitiu ter recebido o caixa 2 de US$ 4,5 milhões para quitar uma dívida da campanha de Dilma de 2010. João Santana citou três fatores que, segundo ele, pesaram para que mentisse em seu primeiro depoimento à Polícia Federal: o psicológico (o "susto" da prisão, ele disse que não imaginava que seria preso), o "profissional" (queria manter o sigilo do contrato com o PT) e o "político".

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Em relação ao terceiro fator, Santana, que atuava como conselheiro de campanhas e estratégias eleitorais da petista, disse que não queria "destruir a Presidência", em um momento em que o impeachment de Dilma Rousseff era discutido na Câmara.

"Eu raciocinava comigo, eu que ajudei de certa maneira a eleição dela não seria a pessoa que iria destruir a Presidência, trazer um problema. Nessa época já iniciava o processo de impeachment, mas ainda não havia nada aberto, e sabia que isso poderia gerar um grave problema até para o próprio Brasil", afirmou.

A assessoria da presidente afastada Dilma Rousseff foi consultada pela reportagem e informou que não iria se posicionar sobre o caso neste momento.

Fonte: Correio Braziliense