quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Boca no trombone Retorno Paulo Passos



Boca no trombone
Retorno
Paulo Passos

A pátria, já enlutada pelo horrendo acontecimento de Santa Maria, volta a colocar tarja. Ferindo de morte um dos pilares da democracia; escarnecendo do povo brasileiro; mostrando bem a que vieram; maioria de senadores escolheu para dirigi-los notório "coronel" nordestino, político imoral, com a degradante pecha de corrupto.

Sim, com as bênçãos do Planalto, e gozando do "apoio incondicional" do defenestrado ex-presidente Collor, o nefasto Renan Calheiros, ser covarde que se escondeu atrás das vestes da esposa enxovalhada ao ser inquirido sobre filho nascido fora do matrimônio cuja pensão era paga por lobista da empreiteira Mendes Junior, para tristeza dos que amam essa nação gigante que teima em não acordar, está de volta!
Com o cinismo que lhe é peculiar, entre promessas as mais diversas, em seu canto de vitória, fez ressoar o eleito que lutará incansavelmente pela manutenção da correição entre os seus pares. Assustadora a revelação, eis que, prevalecendo a ética conhecida por Renan - a do caudilhismo, do toma lá da cá, dos conchavos escusos, dos benefícios pessoais acima de tudo - esperam-se dias nebulosos pelos lados de Brasília.

De qualquer maneira, do infeliz episódio histórico, dois fatos podem ser extraídos. Em primeiro lugar, não há quem possa desculpar o governo petista - outrora pregador incansável da boa política -, que, dando ênfase à filosofia que o rege na atualidade e com a reles desculpa da "governabilidade", põe-se de mãos dadas com o pretendido dilapidador do erário. 
Em segundo lugar - está a parte boa do aconteci-do - nova liderança, que impõe respeito por seu destemor e probidade, neste País delas tão carente, se destaca no cenário político. De pequena estatura, como o conhecido Davi, o senador Pedro Taques opôs-se ao ato de beatificação.

Representando a vontade de uma sociedade calada que sem protestar, permite a ocorrência de atos espúrios como os denunciados, lançou sua candidatura. Perdedor, como era de se esperar, eis que as cartas já tinham sido jogadas e tinham endereço certo, bradou aos quatro ventos aquilo que, com certeza, todos ansiariam por dizer. Referindo-se à passividade do Senado, ao mutismo dos legisladores, mesmo com as graves denúncias, proclamou: "Ouçam este silêncio. Este silêncio é o silêncio do covarde, é o silêncio daquele que tem medo. Sintam este silêncio. Este é o silêncio de quem aceita, de quem não resiste."
Não esmoreça digno senador. De nada importam os 18 votos obtidos, quando a rede social, refletindo o desejo de um povo sofrido, colocou-o a léguas de distância do seu oponente. Continue a mostrar o seu desprendimento e compromisso com a nação.

É o pedido simples de um brasileiro, que, embora ainda descrente, começa a ver luzes no horizonte. 

Paulo Passos, é advogado, mestre e doutor em Direito pela PUC/SP

Fonte:Mogi News