domingo, 6 de janeiro de 2013

Tribuna Livre Pra frente, Mateus!



Tribuna Livre
Pra frente, Mateus!
Mário Sérgio De Moraes
Acredito que a gestão do recém- empossado Mateus Sartori será benéfica a todos nós. Ele tem todos os predicados para rebobinar, com 180 graus, nossa mixuruca política pública de Cultura. Por vários motivos: é respeitado por sua produção musical. Também já provou das agruras (cultura neste País rima com usura!) deste setor. É dinâmico e assume um discurso propositivo por melhorias e não de vitimização por percalços atravessados. É ético, ou seja, sabe que a sua pasta terá que ser aberta e receptiva para que os interessados participem.

Começou bem. Convocou todos os artistas para sugestionarem sobre o que fazer. Parabéns! Participei de uma delas e percebi que nossas ideias foram anotadas. E, nesta última semana, recebi um e-mail relacionando as opiniões discutidas. Discutidas sim, sem restrições, demagogias ou megalomanias. Outro ponto a favor: pretende criar, como primeira meta, indicadores da Cultura. Será um diagnóstico de nossas práticas e, creio, com possíveis resoluções (não obrigações endereçadas aos artistas) do Poder Municipal.

E qual a grande dificuldade que o Mateus enfrentará? Não creio que é por parte dos excluídos artistas -qual administrador até hoje incentivou a Cultura, com exceção do ex-prefeito Machado Teixeira? - ao longo do tempo. O problema está na própria estrutura do Estado. Por exemplo: verbas amarradas em eventos caros e de pouca profundidade nos aniversários da cidade. Pressões de vereadores pedindo, na maioria das vezes, bobagens para os seus currais eleitorais. Burocracias internas acostumadas ao "mando do chefe". E, antes de tudo, na mentalidade administrativa na qual a Cultura é "enfeite de bolo". É neste sentido, Cultura vista como adorno que o atual secretário terá que dar um "Basta"! Até hoje a Cultura não foi entendida em nossa cidade como CURA (com letra maiúscula). Como? Cultura apazigua dramas de violência levando sentido de "pertencimento" e participação social. Cultura é remédio a dramas de saúde pública (pessoas com depressão) incentivando a recuperação da autoestima. Cultura e arte são mais dinâmicas nas escolas quando associadas às matérias dadas. Cultura limpa a cabeça das autoridades no debate de ideias. E Cultura não combina com quebra de promessas eleitorais: será ou não construído o Centro Cultural? Aqui só Deus sabe da resposta...

Na verdade Cultura não rima com cabresto político.


Mário Sérgio de Moraes, é historiador e professor de Cultura Brasileira

Fonte:Mogi News