quarta-feira, 14 de março de 2012

Troca de líderes só ameniza crise


ENCONTRO Dilma durante sessão solene do Congresso em homenagem ao Dia Internacional da Mulher


BRASÍLIA
A troca de liderança do governo na Câmara e no Senado não põe fim aos atritos na base de apoio da presidente Dilma Rousseff no Congresso. O PMDB entendeu a troca dos líderes do governo no Senado e na Câmara, herdados do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, como uma operação contra o partido. No Senado, ao substituir Romero Jucá (PMDB-RR) pelo correligionário Eduardo Braga (AM), a presidente Dilma Rousseff criou uma interlocução paralela com o chamado grupo dos descontentes - conhecido por G8 -, sem passar pelo presidente da Casa, José Sarney (AP), e pelo líder peemedebista Renan Calheiros (AL).


Na Câmara, Dilma escalou um concorrente do líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN) na corrida sucessória pela presidência da Câmara. O novo líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que substituiu Cândido Vaccarezza (PT-SP) nunca escondeu sua pretensão de voltar ao comando da Casa. Embora tenha dito que vai respeitar o acordo de rodízio com o PMDB na presidência da Câmara, não convenceu os partidários de Henrique Alves.


Para aparar essa aresta, Dilma avisou Chinaglia que a sua ida para a liderança do governo excluía a volta do PT para a presidência da Casa, em 2013. "No ano que vem, a presidência da Câmara é do PMDB", afirmou ela. Antes do convite de Dilma, Chinaglia chegou a cogitar a possibilidade de retornar ao comando da Câmara, em 2013.


O movimento de Dilma, porém, não tranquilizou o PMDB. "O Chinaglia sempre desejou voltar à presidência da Câmara. Se for essa a sinalização do governo, é uma declaração de guerra ao PMDB", disse o deputado Danilo Forte (PMDB-CE). Ele é um dos defensores da tese predominante no partido de que problema da articulação do governo no Congresso não está nos líderes, mas na coordenação política. "Tem que ter gente que faça compromissos e os cumpra. Hoje só tem quem faz", criticou Forte.


No Senado, ninguém se esquece de que Eduardo Braga tentou, sem êxito, tomar a liderança de Renan Calheiros. E que, como o líder Renan, também é candidato à sucessão de Sarney. Apesar de ter prestigiado Braga, especula-se que Dilma Rousseff pode trabalhar para descartar os dois e insuflar uma candidatura do ministro Edison Lobão (Minas e Energia), contra a qual nem Sarney nem Renan podem se insurgir.


Abatidos pela decisão da presidente, comunicada na sexta-feira a Sarney e na segunda a Renan, os principais dirigentes do PMDB foram consolados pelo vice-presidente da República, Michel Temer Primeiro, ele chamou Eduardo Braga, para catequizá-lo.


O segundo a ser chamado foi Romero Jucá, logo aconselhado a se recompor com o substituto. Renan e Sarney chegaram depois com uma solução que tirou Jucá do sereno. Ofereceram-lhe o cargo de relator do Orçamento de 2013, um dos mais disputados no Congresso. No ano passado, o relator foi o agora líder na Câmara, Arlindo Chinaglia. Participaram ainda do jantar o líder Henrique Alves e Gim Argello (PTB-DF), que saltou da condição de estranho no ninho peemedebista para vice de Braga na liderança governista.


Fonte:O Diário de Mogi