domingo, 11 de março de 2012

Kojima tem irmãos e sobrinhos que enfrentaram dificuldades


Jorge Moraes

Onze de março de 2011. Tarde fria do inverno japonês e madrugada quente de verão no Brasil. No Japão, o relógio marcava 14h46 e por aqui, muitos dormiam para enfrentar um novo dia de trabalho. Apesar da distância entre os dois países, um acontecimento marcou para sempre a história dos dois países e do resto do mundo. Um tsunami gerado por um dos mais violentos terremotos registrados (9 graus na escala Richter) atingiu o Nordeste do Japão, provocando uma das maiores catástrofes da história.


A usina de Fukushima, uma das regiões mais afetadas pelos abalos sísmicos e tsunami, perdeu três dos seis reatores nucleares, ocorrendo um desastre nuclear. Foram mais de 20 mil vítimas, entre mortos e desaparecidos. No Brasil, as notícias da tragédia chegaram nas primeiras horas da manhã daquela sexta-feira, causando apreensão e preocupação de mogianos que tinham parentes no Japão, mas que não conseguiam comunicação porque muitos telefones e energia elétrica haviam sido cortados.


Hoje, um ano depois, a preocupação de muitos mogianos ainda continua. Não apenas com o estado dos familiares que decidiram permanecer lá, mas também com a situação das vítimas, dos desabrigados, de como colaborar para a reconstrução das cidades afetadas. Segundo a tradutora Therezinha Manigami Terutika, biritibana, mas há 15 anos morando em Shizuoka, a 600 quilômetros do epicentro do terremoto, a reconstrução do Japão tem sido lenta nesses últimos doze meses e a falta de condições e de infraestruturas adequadas dificultam a vida dos sobreviventes.


"Nas cidades mais próximas de Fukushima, a economia ainda está em dificuldades. Muitos produtores rurais e pescadores não conseguem comercializar seus produtos por conta do receio de consumidores da radiação, e têm de recorrer a outros setores de trabalho para não passar fome. Contudo, há um fator positivo que é a solidariedade. Muitos Estados produzem mais e enviam o excesso dos alimentos ou até doação de dinheiro para estas regiões. Os japoneses estão se ajudando. Eu mesma estou pensando em ser voluntária", conta. 
Segundo ela, entre abril e setembro passado, houve racionamento de energia em todo país. "Era feito um rodízio entre as províncias e Estados, mesmo nas regiões que não foram afetadas, para garantir abastecimento em todo o país. A colaboração foi tanta que, hoje, todos conseguem conviver bem", diz. 
Therezinha diz que recebe muitas ligações de brasileiros em busca de notícias de parentes. 
Em Fukushima 
O aposentado Tomoshiro Kojima, de 78 anos, morador da Ponte Grande, tem dois irmãos, além de sobrinhos, que enfrentaram dificuldades de sustento durante o ano passado já que residem em Fukushima, local da tragédia. "Eles trabalham com gado leiteiro e ficaram sem vender nada por meses. Aliás, por conta do risco de radiação, eles tiveram de jogar fora tudo o que era produzido. Foram tempos difíceis, mas parece que agora as coisas estão melhorando", relata ele, informando que frequentemente os parentes são submetidos a exames médicos para confirmar que não tiveram sido afetados pela radiação da usina nucelar. "Até agora, está tudo bem", afirma. 
Voluntariado
Jacqueline Komura, 23, filha do vereador Pedro Komura, embarcou para o Japão uma semana depois da tragédia. Ela foi para Tenri, na província de Nara, para estudar tenrikyo (religião japonesa que prega o Youkigurashi (Vida Plena de Alegria e Felicidade).Em conversa com o pai, ela relatou o anseio de ser voluntária e ajudar os desabrigados. Destacou a garra do povo japonês em reconstruir as cidades. "Há muita coisa pronta e muito a ser feito. E ela quer colaborar de alguma forma. Isto me deixa feliz", diz o vereador.


Fonte:Mogi News