terça-feira, 6 de março de 2012

Clandestinos continuam a agir



Apesar das denúncias publicadas por O Diário na edição de domingo passado, o transporte clandestino de passageiros entre Mogi das Cruzes e Bertioga ainda persiste. No início da tarde de anteontem, a reportagem identificou três funcionários que atuam na linha na porta da Estação Estudantes da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), do lado do Terminal Rodoviário Geraldo Scavone. As Polícias Civil e Militar e a Prefeitura esperam que a população ajude denunciando os infratores.


Flagrado por O Diário no dia 18 de fevereiro, o caso ganhou um novo capítulo no último domingo. Uma fonte, que preferiu não se identificar, disse que o esquema tem a participação de policiais militares e conta com as vistas grossas de agentes da Prefeitura de Mogi. Segundo ele, o transporte serve também para escoar drogas para Bertioga e teria ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa que age dentro e fora de presídios de São Paulo.


Por volta das 13 horas do último domingo, a reportagem flagrou funcionários tentando conseguir novos passageiros com destino ao Litoral, próximo à Estação Estudantes da CPTM. Os homens agiam tranquilamente no local.


Procurada, a Prefeitura informou, por meio da Coordenadoria de Comunicação Social, que fiscaliza ininterruptamente a questão do transporte por fretamento. Em janeiro deste ano, segundo a nota, foram emitidos três atos de infração para casos assim. O valor inicial da multa é de R$ 1.213,96, em reincidência sobe para R$ 2.427,93 e o veículo é apreendido. Em 2011, o mesmo trabalho rendeu 20 autuações e três apreensões.


O secretário municipal de Transportes, Carlos Nakaharada, declara que nunca recebeu, interna ou externamente, denúncias de corrupção entre as equipes de agentes de fiscalização de trânsito. "Em três anos e meio de trabalho, nunca chegou até mim, seja internamente, via Ouvidoria, ou de pessoas de fora, qualquer denúncia sobre algo parecido com isso, então desconheço qualquer suposto envolvimento", declara, lembrando que a Prefeitura conta com a ajuda da população, por meio do registro de denúncias, que devem ser feitas gratuitamente pelo telefone 0800 773 0194.


Já o tenente-coronel José Francisco Braga, do 17º Batalhão da Polícia Militar, afirma que vai iniciar uma investigação preliminar do caso. "Mas é importante que a fonte que se apresentou ao jornal nos procure para detalhar o caso. Pode ter a consciência de que estará protegido", explica.


Para Júlio Vaz, coordenador de Comunicação da Delegacia Seccional de Mogi, só é possível abrir um inquérito a partir de uma denúncia formal. "Para isso existe o Disque-Denúncia (181), onde as informações do denunciante são mantidas em sigilo total. A pessoa pode recorrer a esta opção ou se dirigir a uma delegacia, se preferir", salienta.


Fonte:O Diário de Mogi