Prevendo que algo ruim ocorreria, mulher afastou cama dos filhos de parede que, de madrugada, caiu
Jamile Santana
Da Reportagem Local
Daniel Carvalho
Carla: "Graças a Deus, não estava colocando meus dois dos meus filhos para dormir naquela cama"
Carla Barreto dos Santos tem 32 anos e três filhos, "meninos sapecas", como descreve, de 3 a 9 anos. Além de ser muito trabalhadora, Carla também é muito intuitiva. Ela não sabia, mas foi graças a um pressentimento que salvou a vida de dois filhos das consequências de um deslizamento de terra que atingiu sua casa na madrugada de ontem.
Ela mora com os filhos e o marido em uma casa de três cômodos na rua Palestina, no Botujuru. Construíram o imóvel em um terreno invadido há quatro anos, em uma área que, apesar de plana, é cercada por um grande barranco com quase três metros de altura até o nível da rua. Ontem, o barranco veio ao chão e derrubou o muro do quarto da família.
Um desastre maior só não aconteceu porque três dias antes do incidente Carla escutou a chuva forte começar, olhou para a cama encostada na parede e pensou: "É melhor eu tirar as crianças dali". Três dias depois, a surpresa desagradável: a parede caiu e a terra invadiu o quarto. "Acordei assustada, no escuro, com o barulho do muro e a terra entrando na minha casa. Achei que tudo ia cair. Na hora só pensei que, graças a Deus, não estava colocando meus dois dos meus filhos para dormir naquela cama, se não agora estaria chorando a morte deles", comentou. Os filhos estão a salvo na casa de vizinhos. Acordaram assustados, mas não entenderam muito bem o que estava acontecendo.
A família mora na casa há quatro anos e diz que o barranco já havia dado sinais de que iria desabar. Há pouco mais de um mês, a terra avançou um pouco sobre a casa. "Também tenho vizinhos que perderam quase tudo no ano passado, eu deveria ter imaginado que isso poderia acontecer aqui também", contou a mulher.
Com os pés inevitavelmente sujos de lama, Carla acompanhou durante todo o dia o trabalho de avaliação de risco da Defesa Civil. "Desde a hora que o muro caiu, só sei andar pela casa sem saber para onde vou, e como vou evitar que minhas coisas sejam roubadas se eu sair daqui". A família terá que deixar o local até que um muro de contenção seja construído para impedir novos deslizamentos. "Vou tirar meus filhos daqui, mas não saio da minha casa por nada", disse Carla, enfrentando o medo.
Fonte:Mogi News