sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Chuva eleva o nível do Rio Tietê



CENÁRIOS Àgua invadiu vários pontos da Favela do Cisne, deixando moradores ilhados; bar na Avenida João XXIII, em César, às margens do Tietê, também está alagado


DANILO SANS
Já é típico do mês de janeiro: chove mais, os níveis dos rios sobem e as populações periféricas sofrem com as enchentes. Para as comunidades ribeirinhas, o problema é ainda maior e, ao que parece, as últimas tempestades preocupam bastante. Até a tarde de ontem, o acumulado de chuvas neste mês já era de 254,8 milímetros (mm). Somente nas 24 horas anteriores, choveu em Mogi o equivalente a 40,8 mm, volume suficiente para deixar o nível do Rio Tietê em 3,63 metros, quase dois metros acima do normal. E a previsão é de mais chuvas para os próximos dias.


Há duas semanas, um morador da Favela do Cisne deu o alerta sobre o Tietê, que passa na parte de trás das casas do local. Ontem, no entanto, aconteceu o que já era previsto: boa parte da favela estava debaixo da água. O rio invadiu algumas ruas e ameaça entrar nas residências.


Alguns colocam barricadas nas portas, outros levantam os barracos para evitar que a água leve os poucos bens que ainda lhes restam. Já o pedreiro José Marcelino da Silva, de 27 anos, foi um pouco além: conseguiu arranjar um caiaque.


A casa dele, apesar de estar a 30 centímetros do nível da rua, já tem água na altura da porta. O caiaque, "estacionado" no quintal, foi emprestado por um morador que já havia sido removido para as casas do programa ‘Minha Casa, Minha Vida’. "A gente espera encher, todo ano é assim. O bote eu vou usar para sair daqui quando a situação apertar", disse Silva.


A dona de casa Ivoneide Julia de Siqueira, de 29 anos, vizinha do pedreiro, já prevê a mesma situação vivida no ano passado. "Tenho certeza de que nas próximas chuvas, o rio entra em casa", alerta. O maior medo dela, no entanto, não é perder os móveis, como aconteceu na última temporada de chuvas, mas o risco de transmissão de doenças. "Minhas filhas não conseguem sair de casa sem afundar o pé na água. É um risco, né?", questiona.


Tanto o pedreiro quanto a dona de casa aguardam que a Prefeitura termine a remoção dos moradores aos novos apartamentos. Ao todo 18, famílias já foram retiradas e mais 18 ainda esperam até que os novos empreendimentos sejam entregues. "Tomara que seja antes do pior acontecer", espera.


Outros pontos da Cidade também ficaram alagados, como regiões ribeirinhas da Ponte Grande e as margens da Avenida João XXIII, onde um bar, que só funciona em épocas de estiagem, teve de fechar as portas no início do ano por conta das águas do Tietê, que já alcançam um metro de altura.


Conforme o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), o alto nível do Rio se dá justamente pelo volume de chuva localizada que atingiu a região nos últimos dias. Apenas do dia 13 de janeiro até ontem à tarde, o posto pluviométrico instalado na unidade Estaleiro do DAEE registrou 147 mm de chuvas.


O conjunto de reservatórios do Sistema Alto Tietê, que inclui Ponte Nova, Paraitinga, Biritiba, Jundiaí e Taiaçupeba, opera com 55,2% de sua capacidade de armazenamento. O complexo consegue acumular até 519 milhões de metros cúbicos de água e registrava ontem o equivalente a 289,7 milhões.


Somente a Barragem de Ponte Nova, que é maior do que todas as outras juntas, conserva 37% de sua capacidade total, apesar de a quantidade de chuva (251,9 mm) ter ultrapassado a média para o período, que é de 246,6.


Fonte:O Diário de Mogi