terça-feira, 22 de novembro de 2011

Violência derruba governo egípcio

CAIRO
O gabinete do primeiro-ministro do Egito, Essam Sharaf, renunciou ontem em meio às recentes manifestações contrárias ao governo. Num comunicado divulgado pela agência de notícias estatal MENA, o porta-voz do gabinete, Mohammed Hegazy, disse que "o governo do primeiro-ministro Essam Sharaf entregou sua renúncia ao Conselho Supremo das Forças Armadas."


Ele acrescentou que, "dadas as circunstâncias difíceis em que o país se encontra, o governo continuará trabalhando" até que a renúncia seja aceita. Pelo menos 24 pessoas foram mortas nos últimos três dias nas manifestações e na repressão aos protestos no Egito.


A Coalizão da Revolução Jovem e o movimento 6 de abril pediram a renúncia imediata de Sharaf e a formação de um governo "de salvação nacional". Os grupos também pediram que ocorram eleições presidenciais em abril de 2012.


Durante ontem, manifestantes acampados na praça Tahrir do Cairo voltaram a exigir a renúncia da junta militar que governa o país desde 11 de fevereiro, quando caiu em revolução popular o regime de Hosni Mubarak. O Egito terá eleições para a Assembleia Constituinte em 28 de novembro. Mas a explosão da violência, que começou no sábado, reflete a frustração e a confusão que tomaram conta do cenário político do país desde a queda de Mubarak.


Os militares afirmam que entregarão o poder aos civis apenas após as eleições presidenciais, as quais prometeram vagamente realizar em 2012 ou até em 2013. Os manifestantes pedem uma transição imediata para um governo civil.


"O que isso significa, transferência de poder apenas em 2013? Isso quer dizer que ele quer ficar mandando no país até lá", disse um jovem manifestante, Mohammed Sayyed, a respeito do marechal Hussein Tantawi, chefe da junta militar. "As pessoas estão frustradas. Nada mudou para melhor aqui no Egito", disse o jovem.


O chefe dos necrotérios do Cairo disse que o número total de mortos subiu ontem, desde que os confrontos começaram no sábado. Ele falou sob anonimato. Centenas de manifestantes foram feridos, de acordo com as autoridades. No domingo, a crise se agravou quando o ministro da Cultura, Emad Abu Ghazi, renunciou em protesto contra a violência.


Mas ontem os protestos se espalharam do Cairo para outras cidade, como Alexandria, onde centenas de estudantes foram protestar nas ruas, pedindo que os responsáveis pela violência no Cairo sejam punidos.


Os governos dos Estados Unidos e da Alemanha mostraram preocupação com a situação política e a violência no Egito. O governo da Alemanha disse que a junta militar egípcia deveria deixar os manifestantes protestarem, enquanto o governo dos EUA pediu que as eleições ocorram o mais rápido possível.


"Estamos profundamente preocupados com a violência; Nós pedimos que ambas as partes mostrem moderação", disse Jay Carney, porta-voz do Departamento de Estado do governo americano. A Liga Árabe pediu calma aos manifestantes e também moderação à junta militar. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.


Fonte:O Diário de Mogi