terça-feira, 22 de novembro de 2011

Ranking das maiores Mogi tem a 14ª maior renda familiar mensal no Estado

E mais: um trabalhador mogiano negro ganha em média 39% a menos do que um branco
Jamile Santana
Da Reportagem Local
Divulgação

Destaque no ranking: entre as cidades com mais de 300 mil habitantes, Mogi aparece com renda familiar mensal bem classificada
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Mogi das Cruzes possui a 14ª maior renda familiar entre as maiores cidades do Estado de São Paulo, ou seja, aquelas com mais de 300 mil habitantes. No ranking do Censo 2010, a cidade aparece com um salário médio de R$ 1.700. Mas este dado não é tão animador quanto parece: a cidade de Bauru, por exemplo, que tem população de 343.937 habitantes, apresentou renda média de R$ 1.920. A capital paulista e as cidades de São José do Rio Preto e São Bernardo do Campo registraram renda média de R$ 2 mil. A cidade de Santos lidera o ranking com média de R$ 2.600. 
Segundo economistas, o índice de renda por família segue um padrão estudado no chamado circulo econômico. Funciona assim: as empresas aumentam a renda de seus funcionários, que passam a gastar mais no consumo, que, por sua vez, se transformam em investimentos no setor privado. "O crescimento deste índice de rendimento está totalmente nas mãos das empresas. Se as empresas aumentarem o salário de seus funcionários, eles consequentemente gastarão mais e a economia gira", explicou Jacó de Souza. 
O setor público tem uma participação também importante neste aspecto. "As empresas só investem em ampliação e aumento no quadro de funcionários com mais facilidade em municípios que possuem políticas públicas de incentivo. É o caso de Mogi das Cruzes, por exemplo, que abatia o valor do IPTU. Além disso, a média da renda aumenta à medida que a população vai consumindo mais, como acontece atualmente. Com o 13º salário e a injeção do benefício na economia, as empresas devem valorizar e investir, principalmente, na área de recursos humanos", destacou o economista João Luis de Souza Lima. 
Rafael Tartaroti, mogiano e formado em Gestão de Políticas Públicas e servidor público da Prefeitura de São Paulo, destaca que trazer novas empresas para o município não representa diretamente um aumento na renda média das famílias. Para ele, a questão é mais ampla e está diretamente ligada à especialização exigida pela vaga. "Quanto maior o nível educacional, maior poderá ser o salário. Grandes empresas, necessariamente, não dispõem de vagas com níveis salariais maiores, mas quanto maior a oferta de empregos, a demanda torna-se mais exigente, invertendo o poder de barganha. A vinda do campus da Fatec foi um grande marco para a área de tecnologia e deverá representar, futuramente, o desenvolvimento e o crescimento do setor, impactando diretamente na renda média da cidade", considerou. 


Raça
Um trabalhador mogiano negro ganha em média 39% a menos do que um empregado branco, que exerce o mesmo tipo de trabalho. Isto é o que mostra o Censo 2010, que revelou que os mogianos que se declararam brancos (237.397 habitantes) recebem, em média, R$ 1.608. Já os negros (23.453 habitantes) informaram uma média salarial de R$ 970. Os amarelos (16.613 habitantes) ganham R$ 2.108 e os indígenas (361) declararam ganhar R$ 1.308. 
De acordo com o sociólogo e professor universitário Afonso Pola, esta discrepância de salários mostra que a sociedade ainda tem questões raciais a serem resolvidas, particularmente no que refere-se à valorização do trabalhador, independentemente de qualquer outro valor como classe social e raça. "Mas não dá para mudar isso de forma isolada", alerta. Segundo o sociólogo, o poder público fica limitado, mas pode colaborar promovendo discussões sobre o tema. "O município, isoladamente, não tem condições de inverter este quadro, mas pode fazer campanhas com o objetivo de reduzir ou eliminar qualquer forma de discriminação", destacou.


Fonte:Mogi News