quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Não ao aterro! Áreas de mineradoras viram "terra sem lei"

Muitas famílias residem em terrenos invadidos ou em propriedades dos donos dos portos da areia no Taboão. Elas temem falar sobre os patrões
Bras Santos
Da Reportagem Local
Adriano Vaccari

Mineradora do empresário Raul Lerário é um exemplo de empreendimento criticado pelos moradores do Taboão, que convivem com a degradação ambiental
O distrito do Taboão, em Mogi das Cruzes, pode ser considerado atípico. Tem 23 portos de areia que imprimiram à região um aspecto lunar, em razão das enormes crateras que ninguém sabe como e quando serão fechadas, apesar de a legislação ambiental "obrigar" os mineradores a providenciar a recuperação das áreas degradadas.


Dezenas ou mesmo centenas de famílias residem em terrenos invadidos ou em propriedades (são caseiras) dos donos dos portos da areia. Apesar da enorme extensão territorial do distrito mogiano, ainda é pequeno o número de famílias estabelecidas em imóveis próprios, ou seja, pessoas que podem falar sem temer represálias dos "patrões" ou donos da terra. 
Quem é livre para opinar não em hesita em apontar os estragos causados pelas mineradoras de Raul Lerário e também por outras empresas do setor que atuam na região. 






Opinião
Vicente Avelino e Gina de Freitas residem na estrada do Kyoto faz muitos anos. Eles criaram os filhos no Taboão e são testemunhas do estado de abandono em que está o distrito, que continua sendo considerado pela Prefeitura como a "cereja do bolo" de Mogi em razão de seu potencial de desenvolvimento econômico e turístico. "As empresas de mineração não trazem nada de bom. E o poder público também não faz os investimentos que a gente precisa", protestou Avelino. A moradora Gina ressaltou que em períodos de véspera de eleição, principalmente, candidatos a vereador circulam pelos pontos mais isolados do Taboão à procura de votos da população: "Prometem transporte escolar, prometem colocar mais ônibus nas linhas. Falam que a iluminação e a segurança vão melhorar. Depois da eleição, eles somem e nada acontece por aqui para melhorar. Se depender das empresas que tiram areia, nada vai acontecer", alertou Gina. Para os moradores, é necessário que o poder público faça os investimentos que atendam aos interesses da comunidade. Eles também acham que as autoridades da área ambiental precisam fiscalizar e, principalmente, fazer valer a legislação que determina a recuperação das áreas degradadas.




Medo
Dona de um pequeno comércio, uma moradora, que pediu anonimato por temer represálias, disse também que as mineradoras representam mais problemas do que benefícios para o distrito do Taboão: "Elas geram empregos, mas não fazem nada pela região. Ganham muito, mas a situação do distrito não melhora", acrescentou.


Fonte:Mogi News