IMPASSE Meirelles, um dos trunfos de Kassab, pode representar um entrave na eventual aliança entre PSDB e PSD para a disputa municipal
SÃO PAULO
O ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, um dos trunfos do prefeito Gilberto Kassab para a sucessão à Prefeitura de São Paulo, pode representar um entrave na eventual aliança entre PSDB e PSD para a disputa municipal do ano que vem.
Isso porque dirigentes do PSDB em São Paulo não vislumbram um acordo que tenha Meirelles como cabeça de chapa e já informaram ao prefeito de São Paulo, em conversas privadas, que os tucanos dificilmente abrirão mão de uma candidatura própria em nome do apoio ao ex-dirigente do BC e atual presidente da Autoridade Pública Olímpica (APO).
Segundo avaliação do comando do PSDB em São Paulo, apesar de ter tido uma atuação elogiosa à frente do Banco Central e contribuído para a manutenção da estabilidade econômica e financeira, que marcou a gestão do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso, Henrique Meirelles é um nome ainda pouco conhecido pela população paulistana.
Para esses dirigentes tucanos, sem nunca ter participado de uma disputa para um cargo majoritário, o ex-presidente do BC não conseguiria aglutinar capital político para disputar a sucessão da maior prefeitura do País, a de São Paulo.
O nome do político recém-filiado ao PSD e que trocou o seu domicílio eleitoral de Goiânia para São Paulo é visto também com desconfiança no PSDB em razão de sua proximidade com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Lula é o principal fiador da eventual candidatura do ministro da Educação, Fernando Haddad, à sucessão municipal em São Paulo pelo PT. "Não faz sentido o PSDB, um partido da oposição, apoiar um ex-membro do governo federal", resumiu um aliado do governador Geraldo Alckmin.
A eventual candidatura do ex-presidente do Banco Central foi citada com "certa descrença", segundo tucanos, em reunião do Conselho Político do PSDB, na última segunda-feira, e já gerou, inclusive, manifestação pública do ex-governador Alberto Goldman, um dos maiores aliados do ex-governador José Serra.
"É absolutamente natural uma aliança do PSDB com o PSD, além, naturalmente, do DEM (aliança já tradicional) e outros partidos para formar uma forte coligação", escreveu em seu blog. "Mas não me passa pela cabeça a possibilidade de termos o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, como nosso candidato a prefeito", disse Goldman.
Na avaliação do líder tucano, o ex-presidente do Banco Central representou, em sua atuação à frente do BC, uma "política econômica ortodoxa", que o PSDB combate "sistematicamente". "Eu, em particular, que fui líder do PSDB na Câmara dos Deputados e vice-líder no primeiro governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tanto critiquei aquela política econômica, em nome do partido, que não teria qualquer possibilidade de apoiá-lo", afirmou.
A manifestação de Goldman, segundo dirigentes tucanos, é compartilhada também por outros aliados do ex-governador José Serra.
A resistência do PSDB ao ex-dirigente do Banco Central fortaleceu no PSD, segundo membros da sigla, o nome do vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, para a disputa municipal de 2012.
Fonte:O Diário de Mogi