terça-feira, 6 de setembro de 2011

Polêmica Projeto que obriga seguranças em casas lotéricas deve ter alteração

Riscos que envolvem as lotéricas de Mogi estão diretamente ligados aos serviços bancários prestados por elas
Willian Almeida
Da Reportagem Local
Daniel Carvalho

Representantes do segmento de lotéricas demonstraram preocupação e pontos negativos da obrigatoriedade de segurança particular
O projeto de lei que obriga as casas lotéricas de Mogi das Cruzes a contratarem seguranças particulares pode ser retirado da pauta da Câmara de vereadores. Autor da proposta, o vereador Expedito Ubiratan Tobias (PR), admitiu essa possibilidade após a audiência pública realizada na sede do Legislativo mogiano para discussão do assunto com os donos de casas lotéricas da cidade. Atualmente, a proposta está na Comissão de Justiça e Redação.


A retirada ou não do projeto vai ser avaliada em conjunto pela Comissão de Transportes e Segurança Pública, presidida pelo vereador. Pela entrevista que concedeu à Imprensa ao fim da audiência, Tobias deverá alterar parte da matéria com o objetivo de transferir os custos com a contratação dos seguranças aos bancos. Isso porque os riscos que envolvem as lotéricas estão diretamente ligados aos serviços bancários prestados por elas.


A proposta foi amplamente criticada durante a audiência tanto por outros vereadores quanto pelos donos de parte das lotéricas existentes na cidade. Basicamente, as análises foram feitas com base nos gastos, considerados inviáveis pelos empresários, e no fato de que estes locais passariam a contar com seguranças armados. "Não há histórico de assaltos violentos no interior das lotéricas. O que ocorre é o bandido entrar nelas, pegar o dinheiro dos caixas e ir embora. Estão querendo arranjar um problema onde não tem. Entendo que essa não é a medida mais adequada", afirmou o delegado regional das Casas Lotéricas, Roberto Pirani.


O delegado do Grupo de Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (Garra), Deodato Rodrigues Leite, foi o único representante da polícia que esteve na audiência pública. Ele também se posicionou contrário à lei. "Acho louvável a preocupação do vereador, mas sou contrário por conta do espaço físico pequeno das lotéricas. E não tenho dúvidas de que um segurança armado significará mais uma arma clandestina nas ruas e nas mãos de bandidos. Além disso, na maioria das ocorrências em bancos, onde há reação do vigilante, o público acaba atingido", disse. Ele defendeu ainda que sejam tomadas outras atitudes como sistemas de monitoramento com alarmes para acionar a polícia e até mesmo uma movimentação para cobrar, do Estado, o aumento no número de policiais.


Para o proprietário de uma lotérica do Shangai, Newton Rodrigues, a medida teria efeito controverso. "Vai aumentar a insegurança ao invés de realmente prevenir. Uma arma dentro da lotérica só pode trazer efeitos negativos", disse.


Apesar de ouvir opiniões negativas e o pedido para a retirada do projeto pelos vereadores Odete Sousa (PDT) e Pedro Komura (PSDB), Tobias pediu soluções. "A ideia não é prejudicar nenhum dos donos de lotéricas, mas sim aumentar a segurança de todos. Gostaria que me apontassem soluções e, se for necessário, que façamos a transferência desse ônus aos bancos", disse. "Existe uma pequena possibilidade de retirar o projeto, mas isso vai ser decidido com a comissão", concluiu o parlamentar.


Fonte:Mogi News