Willian Almeida
Da Reportagem Local
Daniel Carvalho
Representantes do segmento de lotéricas demonstraram preocupação e pontos negativos da obrigatoriedade de segurança particular
O projeto de lei que obriga as casas lotéricas de Mogi das Cruzes a contratarem seguranças particulares pode ser retirado da pauta da Câmara de vereadores. Autor da proposta, o vereador Expedito Ubiratan Tobias (PR), admitiu essa possibilidade após a audiência pública realizada na sede do Legislativo mogiano para discussão do assunto com os donos de casas lotéricas da cidade. Atualmente, a proposta está na Comissão de Justiça e Redação.
A retirada ou não do projeto vai ser avaliada em conjunto pela Comissão de Transportes e Segurança Pública, presidida pelo vereador. Pela entrevista que concedeu à Imprensa ao fim da audiência, Tobias deverá alterar parte da matéria com o objetivo de transferir os custos com a contratação dos seguranças aos bancos. Isso porque os riscos que envolvem as lotéricas estão diretamente ligados aos serviços bancários prestados por elas.
A proposta foi amplamente criticada durante a audiência tanto por outros vereadores quanto pelos donos de parte das lotéricas existentes na cidade. Basicamente, as análises foram feitas com base nos gastos, considerados inviáveis pelos empresários, e no fato de que estes locais passariam a contar com seguranças armados. "Não há histórico de assaltos violentos no interior das lotéricas. O que ocorre é o bandido entrar nelas, pegar o dinheiro dos caixas e ir embora. Estão querendo arranjar um problema onde não tem. Entendo que essa não é a medida mais adequada", afirmou o delegado regional das Casas Lotéricas, Roberto Pirani.
O delegado do Grupo de Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (Garra), Deodato Rodrigues Leite, foi o único representante da polícia que esteve na audiência pública. Ele também se posicionou contrário à lei. "Acho louvável a preocupação do vereador, mas sou contrário por conta do espaço físico pequeno das lotéricas. E não tenho dúvidas de que um segurança armado significará mais uma arma clandestina nas ruas e nas mãos de bandidos. Além disso, na maioria das ocorrências em bancos, onde há reação do vigilante, o público acaba atingido", disse. Ele defendeu ainda que sejam tomadas outras atitudes como sistemas de monitoramento com alarmes para acionar a polícia e até mesmo uma movimentação para cobrar, do Estado, o aumento no número de policiais.
Para o proprietário de uma lotérica do Shangai, Newton Rodrigues, a medida teria efeito controverso. "Vai aumentar a insegurança ao invés de realmente prevenir. Uma arma dentro da lotérica só pode trazer efeitos negativos", disse.
Apesar de ouvir opiniões negativas e o pedido para a retirada do projeto pelos vereadores Odete Sousa (PDT) e Pedro Komura (PSDB), Tobias pediu soluções. "A ideia não é prejudicar nenhum dos donos de lotéricas, mas sim aumentar a segurança de todos. Gostaria que me apontassem soluções e, se for necessário, que façamos a transferência desse ônus aos bancos", disse. "Existe uma pequena possibilidade de retirar o projeto, mas isso vai ser decidido com a comissão", concluiu o parlamentar.
Fonte:Mogi News