terça-feira, 20 de setembro de 2011

Passagens de nível afetam trânsito

Alexandre Barreira
As passagens de nível existentes em Mogi das Cruzes foram eleitas por alguns mogianos como um dos piores pontos da Cidade, ganhando 13 referências de 40 possíveis votos (32%). A reportagem de O Diário percorreu todos os locais do Município onde ainda há este tipo de construção e verificou que elas representam um grande atraso, afetando principalmente o trânsito, que fica caótico cada vez que as cancelas precisam ser fechadas para a passagem de uma composição da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).


As passagens de nível fazem parte da peculiaridade de Mogi, o único município do Alto Tietê que, cortado pela linha do trem, ainda mantém este tipo de construção arcaica, que paralisa, em média a cada quatro minutos e meio, todo o fluxo de trânsito - de veículos e pessoas - que passam pelo local.


Em todos estes acessos foi verificado trânsito parado durante a passagem do trem, desrespeito ao fechamento da cancela – em alguns casos, motos, pedestres e ciclistas ignoram o bloqueio e sinal sonoro e atravessam a linha -, além de acúmulo de pedestres, que já que em locais onde há a passarela, esta é totalmente ignorada.


O percurso feito pela reportagem de O Diário teve início na passagem de nível existente entre a Avenida Guilherme Giorgi e as ruas Áurea Martins dos Anjos e Adriano Pereira, em Jundiapeba. No local, há uma cancela simples, que ao ser acionada apenas delimita a passagem de nível dos veículos, deixando brechas para que pedestres, motociclistas e ciclistas passem livremente pelo local, desrespeitando a sinalização e colocando a vida em risco.


Acidentes, aliás, são comuns no cotidiano do comerciante Manoel Souza Carvalho, que concorda com o resultado da pesquisa feita pelo jornal. "Sem dúvida que as passagens de nível são as piores coisas da Cidade. Aqui, por exemplo, já testemunhei acidentes com morte. O pessoal não respeita a sinalização. A solução seria a construção de um viaduto e de uma passarela, além da desativação da estrutura.


O motorista Vágner Queiroz Galvão concorda com o comerciante. "Aqui é bastante perigoso porque o pessoal não respeita. Acho que deveria haver uma ligação melhor entre Mogi e Suzano sem a necessidade de atravessar a linha do trem", afirmou. "Era preciso ter uma passarela para os pedestres. Os carros necessitam de outra alternativa", completou o operador de caldeira João Gerônimo.


Na passagem de nível que liga as avenidas Valentina Mello Freire Boreinstein e Governador Adhemar de Barros, em Braz Cubas, o acúmulo de veículos atrapalha o fluxo de trânsito nas imediações do local. "Aqui muita gente reclama porque não tem paciência para esperar. Além disso, há a questão da segurança, que mesmo com os funcionários da passagem de nível avisando com apitos que as cancelas serão fechadas, tem motorista que faz questão de acelerar e se arriscar no local", descreveu Fátima Sabino, dona de um comércio há oito anos nas proximidades da passagem de nível da Avenida Valentina Mello Freire Borenstein.


Neste local, há um fato curioso. Mesmo com o viaduto Argêu Batalha a cerca de 200 metros da passagem de nível, muitos motoristas preferem passar pelo local para acessar o outro lado da Cidade.


Na passagem de nível que liga as avenidas Governador Adhemar de Barros e Cavalheiro Nami Jafet, o serralheiro José Adílson Bandeira resume bem a situação do local: "Aqui o negócio é feio mesmo. O trânsito fica parado e tem gente que não respeita a sinalização. Vamos ver se desta vez estes tais viadutos que todo mundo está falando saem do papel", declarou o comerciante.


O aposentado Sérgio Costa disse que é preciso fechar as passagens de nível para os carros e construir passarelas direcionadas aos pedestres nestes locais. "Sei que os carros vão ter viadutos, mas e nós que andamos a pé? Tem que haver mais passarelas", disse, reforçando que realmente as passagens de nível deixam Mogi com aspecto de cidade antiga. "Se sair o viaduto, tomara que não mexam comigo aqui", disse Inocência Maria da Silva, que mora na Avenida Cavalheiro Nami Jafet.


Na passagem de nível da Rua Presidente Campos Salles, mais próxima do Centro de Mogi, o problema maior é quando o intervalo se reduz o intervalo dos trens. Neste caso, o acúmulo de veículos chega a travar parte da Avenida Voluntário Fernando Pinheiro Franco (Avenida dos Bancos) em alguns momentos do dia.


Na Praça Sacadura Cabral, também citada como um dos pontos mais feios de Mogi na enquete feita por O Diário e publicada no último domingo, a situação fica ainda mais complicada. "Todas as cidades têm um portal de entrada, bonito e imponente, que caracteriza o local quando as pessoas chegam de fora. Aqui em Mogi, a primeira coisa que os visitantes veem é esta cancela fechada, com o trânsito travado. É um absurdo", descreveu o taxista Jorge Mello.


Neste local, a disputa por espaço entre carros, motos, ônibus e pedestres é intensa, logo depois da abertura da cancela. Mas o movimento logo para, porque mais um trem está chegando.


Por fim, na passagem de nível da Avenida Dr. Deodato Wertheimer, o fluxo de veículo é apenas no sentido Centro-Bairro. Mesmo assim, o acúmulo que se segue com o fechamento da cancela chega até a Rua Dr. Ricardo Vilela, travando parte do trânsito nas proximidades desta via. "Já ocorreram alguns acidentes aqui. O pessoal não respeita muito", declarou o comerciante Shigeyasu Nakano.


Fonte:O Diário de Mogi