terça-feira, 19 de julho de 2011

Dilma diz que Pagot não voltará ao Dnit


DECISÃO Dilma afirma que Pagot, mesmo com as pressões e apoio do governo, é carta fora do baralho
A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, foi encarregada ontem pela presidente Dilma Rousseff de anunciar que o diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antonio Pagot, atualmente em férias, não retornará mais ao cargo.


Dilma orientou ainda o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, a finalizar, se possível, ainda nesta semana, a conclusão da "limpeza" no setor, com o afastamento do petista Hideraldo Luiz Caron, diretor de Infraestrutura Rodoviária do Dnit, e de Felipe Sanches, presidente interino da Valec, e outros supostos envolvidos num esquema de corrupção que vem abalando o governo Dilma Rousseff desde o início do mês.


Nas últimas semanas, Dilma sofria uma pressão crescente de setores do próprio governo para recuar da decisão de demitir o diretor do Dnit. Logo pela manhã, a presidente deu o primeiro recado. Numa reunião no Planalto, o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, tentou introduzir na conversa a necessidade da permanência de Pagot.


Dilma afirmou que, se fosse para trazê-lo de volta, teria de trazer outros seis que ela tinha demitido e isto não vai acontecer. A presidente observou que Pagot tinha responsabilidade sobre a direção do órgão e que, portanto, este assunto é página virada.


Foi numa entrevista na Assembleia Legislativa de Santa Catarina que a ministra Ideli Salvatti ratificou oficialmente a demissão de Pagot. "Tudo indica que sim, até pelas reiteradas vezes que ela (Dilma) tem se comportado dessa forma", afirmou a ministra. "Operacionalmente, com alguém de férias, você não pode tomar essa medida." Após a declaração de Ideli, auxiliares diretos da presidente confirmaram que Dilma mantém a decisão de afastar o diretor do Dnit.


Em uma conversa, antes do almoço, desta vez, com o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, Dilma o avisou que Pagot, mesmo com as pressões e apoio dentro do governo, é carta fora do baralho. Nesta conversa, Dilma informou também que é preciso promover, o quanto antes, as mudanças necessárias em todos os órgãos da área de transportes.


Ela também deseja que o ministro apresente os novos indicados para substituir os afastados no máximo até a semana que vem. Dilma quer um olhar com lupa sobre os nomes escolhidos.


Por determinação de Dilma, as mudanças já estão sendo articuladas pelo próprio Paulo Sérgio que, na manhã de ontem avisou para Hideraldo Luiz Caron, diretor de Infraestrutura Rodoviária do Dnit, que se preparasse para sua saída. Hideraldo não aceita sair com sugestões de que estaria sendo afastado sob suspeição. Mas a decisão da saída de Caron já havia sido desenhada com o Planalto na sexta-feira e era esperada para o fim de semana, mas ele sobreviveu às notícias das revistas e jornais de domingo.


Neste acerto com o Planalto, além de Hideraldo Caron, também está fora do governo Felipe Sanches, que ocupa interinamente a presidência da Valec e que entrou no lugar de José Francisco das Neves, afastado na primeira leva. As mudanças deverão incluir ainda cargos de diretorias do Ministério dos Transportes.


A saída de Caron já estava sendo articulada porque o governo entendia que era preciso "fazer um gesto" para os aliados, que viam em Caron o "fogo amigo" atacando os demais integrantes do Transportes e se preservando. Com o afastamento de Caron, o governo entende que está dando uma demonstração de "cortar a própria carne".


O vice-presidente Michel Temer e ministros ligados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendiam a permanência de Pagot no cargo. Temer chegou a pedir, por meio de entrevista, que Dilma só tomasse uma decisão no início do próximo mês, quando encerram as férias do diretor do Dnit.


Fonte:O Diário de Mogi