quinta-feira, 21 de abril de 2011

Semae ameaça ‘calote’ à Sabesp

Semae ameaça ‘calote’ à Sabesp

PREVENÇÃO Semae abriu licitação para compra de bomba reserva
MARA FLÔRES
O prefeito Marco Aurélio Bertaiolli (DEM) afirmou ontem que, no máximo em uma semana, o abastecimento de água na Cidade estará normalizado e que o Serviço Municipal de Águas e Esgotos (Semae) já abriu licitação para compra de uma bomba reserva. Porém, mais do que isso, ele anunciou a suspensão do pagamento das contas para a Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo (Sabesp) enquanto a estatal não rever o custo cobrado pela água que abastece a metade do Município. O chefe do Executivo disse que o "calote" já foi informado à presidente da Sabesp, Dilma Pena, e só será quitado quando a empresa reduzir o valor da conta ou, então, apresentar um projeto de investimento em Mogi, como para a redução das perdas de água, o que exige a troca das tubulações antigas existentes.
"O que inviabiliza o Semae hoje, em termos financeiros, é a conta com a Sabesp. A conta é de mais de R$ 2 milhões por mês e nós já avisamos que só vamos pagar as novas contas depois de negociar porque a água que a Sabesp retira de Mogi das Cruzes não pode custar, para Mogi das Cruzes, o mesmo preço que ela vende para São Paulo. Então, agora, batemos o pé e não aceitamos mais", avisou Bertaiolli.
A Cidade que tem hoje 387 mil habitantes é 50% abastecida com a água que o próprio Semae capta do Rio Tietê, trata e distribui. Os outros 50% dos consumidores, basicamente os moradores de Braz Cubas e Jundiapeba, também são atendidos pelo Semae, mas a água distribuída é comprada da Sabesp, já que a estrutura da autarquia mogiana para captação e tratamento é insuficiente para cobrir toda a demanda.
De acordo com o prefeito, o problema está nas diferenças de custo entre um serviço e outro. Enquanto o Semae gasta R$ 0,30 para captar e tratar cada metro cúbico, a Sabesp cobra R$ 1,30 pelo mesmo serviço. Para o consumidor final, a tarifa também é de R$ 1,30, o que significa que Mogi apenas repassa o valor que paga à estatal e ainda assume a distribuição e os prejuízos com as perdas que ocorrem no meio do caminho.
"Não dá para continuar porque, assim, o Semae não tem poder de investimento. Nós não podemos ter a nossa água no mesmo custo que Carapicuíba tem. Foi o nosso território que foi inundado, foram as nossas áreas agrícolas que foram inundadas, foram os nossos trabalhadores que perderam o emprego para que 35 quilômetros fossem inundados, dando origem as represas. Aí, a Sabesp vem aqui, pega água na nossa represa e vende para a Prefeitura pelo mesmo preço que ela vende para o consumidor em São Paulo. Está errado", criticou Bertaiolli.
O prefeito disse que a presidente da Sabesp não estipulou um prazo para responder a solicitação feita para revisão da tarifa, mas deixou claro que só pagará a conta mensal à estatal depois que houver uma negociação com Mogi.
"A Sabesp não precisa dar desconto em dinheiro. Ela pode investir na Cidade. O Semae precisa trocar a tubulação de quase a metade do Município porque são canos velhos, enferrujados, que ficam furando todo dia. A Sabesp pode fazer um programa para ajudar a trocar a tubulação e evitar o desperdício de água", adiantou. "A negociação está aberta e nós vamos pagar a conta do mês só quando a Dilma resolver isso com a gente", acrescentou.
Proposta
O chefe do Executivo adiantou que além da negociação com a Sabesp para rever as condições atuais da parceria, o Município pretende reduzir, aos poucos, a dependência da estatal. Para isso, o Semae precisa ter condições de captar e tratar mais água.
A compra da terceira bomba para a Estação de Captação da Pedra de Afiar, estimada em R$ 1,5 milhão, deverá permitir o início desse processo, assim como a reativação, em definitivo, do segundo ponto de captação, que fica junto à ponte da Avenida João XXIII, em César, de onde o Semae voltou a retirar água nos últimos dias, para minimizar os reflexos causados pela paralisação de uma das duas bombas existentes no Cocuera, que apresentou problemas mecânicos e elétricos.
A expectativa é de que o equipamento consertado chegue a Mogi hoje, mas a sua recolocação vai demandar pelo menos mais três dias.

Fonte:ODiário de Mogi