quinta-feira, 21 de abril de 2011

Dilma define sua política externa

Dilma define sua política externa

EVENTO Presidente Dilma Rousseff discursa na cerimônia de formatura de diplomatas do Instituto Rio Branco
BRASÍLIA
Em contraste com o tom contemporizador com países violadores dos direitos humanos adotado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente Dilma Rousseff mostrou ontem que o tema está no centro da política externa brasileira.
Apesar das preocupações com as reformas das instituições internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU), ou com a sempre presente necessidade do País atrair investimento e tecnologia, Dilma declarou, em seu primeiro discurso sobre o foco das relações internacionais do País, que o tema será promovido e defendido "em todas as instâncias internacionais sem concessões, sem discriminações e sem seletividade".
O discurso foi feito para uma plateia de formandos do Instituto Rio Branco e diplomatas, na cerimônia de conclusão de curso da turma de 2010 da diplomacia. Pela primeira vez, a presidente falou claramente sobre o que vê como objetivos da política externa brasileira no seu governo. E afirmou que, apesar de ver a preocupação com os direitos humanos como algo que já existia no governo Lula, será, "mais ainda agora", uma preocupação do governo brasileiro.
Lula, escolhido paraninfo da turma, mandou um texto de apenas uma página, que foi lido pelo assessor para Assuntos Internacionais do Planalto, Marco Aurélio Garcia. No documento, Lula louvou as ações do Itamaraty durante seus dois mandatos e chamou de mera "continuidade" de seu governo a gestão Dilma no campo da política externa.
Dilma deixou claro, também, a importância que dá à reforma das Nações Unidas, especialmente ao Conselho de Segurança, no qual o Brasil almeja um assento permanente. "No momento em que debatemos como serão a economia, o clima e a política internacional no século 21, fica patente também que, do ponto de vista da segurança, a ONU também envelheceu", acusou.
Lembrando os movimentos por democracia nos países árabes, segundo ela apoiados pelo Brasil, disse que a solução para os conflitos hoje em dia não aceitam mais "políticas imperiais, certezas categóricas e as respostas guerreiras de sempre".
"Reformar o Conselho de Segurança das Nações Unidas não é, portanto, um capricho do Brasil. Reflete a necessidade de ajustar esse importante instrumento da governança mundial à correlação de forças do século 21. Significa atribuir aos temas da paz e da segurança efetiva importância. Mais do que isso, exige que as grandes decisões a respeito sejam tomadas por organismos representativos e, por essa razão, mais legítimos", afirmou Dilma.
Durante o seu discurso, o ministro das Relações Exteriores, Antonio de Aguiar Patriota, deixou claro também a linha que o Itamaraty recebeu de Dilma: a necessidade de ser objetivo e de obter resultados concretos.
"De lá para cá (do início do governo) um caminho foi delineado e um estilo estabelecido pelo governo Dilma: a objetividade como critério, a firmeza na promoção dos interesses nacionais; a ênfase na busca de resultados concretos nos planos econômico, comercial, da inovação; a prioridade atribuída a parcerias capazes de contribuir para o aumento da nossa competitividade", disse o ministro.


Fonte:O Diário de Mogi