sábado, 30 de abril de 2011

Preservação da APA gera conflito

Preservação da APA gera conflito

ESTUDO Diagnóstico sobre a região da APA do Rio Tietê está sendo concluído
RENATO DE ALMEIDA
Um possível conflito de interesse entre os governos federal, estadual e municipal, entidades representativas e sociedade civil em relação ao uso da Área de Proteção Ambiental (APA) da Várzea do Rio Tietê foi apontado pela professora Neli Aparecida de Mello-Théry, durante seminário sobre políticas públicas voltadas a este território, que abrange Mogi das Cruzes e mais 11 cidades. Na apresentação, feita na tarde de ontem, no auditório da Escola de Artes Cênicas e Humanidades (EACH) da Universidade de São Paulo (USP), a especialista disse, ainda, que está sendo concluído um diagnóstico sobre a região para a formulação de seu plano de manejo.
A APA da Várzea do Tietê passa por Salesópolis, Biritiba Mirim, Mogi das Cruzes, Suzano, Poá, Itaquaquecetuba, Guarulhos, São Paulo, Osasco, Barueri, Carapicuíba e Santana do Parnaíba, o que, para Neli, gera divergências quanto a seu manejo. "Na estrutura institucional do Estado de São Paulo, cada um dos municípios tem seu interesse diferente. O Estado, a União e as cidades querem, cada um, uma coisa divergente", diz.
"Temos de ver a APA como uma grande região e não como um pedaço de determinado município. Na gestão de questões ambientais, sempre há dificuldade na articulação entre instituições, níveis da sociedade e interesses dos poderes públicos", acrescentou.
Segundo a professora, é importante ainda analisar as características de cada uma das cidades, como a forma com que são utilizados os recursos naturais de acordo com suas atividades econômicas. "Na parte do extremo leste da APA, temos os municípios de Biritiba Mirim e Salesópolis, onde a produção agrícola é o mais importante. Eles utilizam a área, a água e aplicam agrotóxicos. Os profissionais envolvidos neste setor devem ser ouvidos, para sabermos como pode ser ponderado o conflito entre o uso da água para agricultura e a água para consumo. Já na Capital e em Guarulhos, preciso analisar melhor o trabalho no setor habitacional. É necessário direcionar muito bem os trabalhos aos atores mais influentes de cada município", avalia.
Durante boa parte de seu seminário, a professora falou sobre o que são as áreas de proteção ambiental e a importância deste trabalho. Na questão das várzeas de rio, ela destacou o grande aumento nas ocupações das terras próximas aos leitos, o que tende a impermeabilizar o solo, diminuindo a vazão e provocando as frequentes enchentes. Um novo encontro para apresentação dos primeiros resultados de um diagnóstico da área de proteção será realizado na USP, no próximo dia 9.

Fonte:O Diário de Mogi