quarta-feira, 27 de abril de 2011

Dilma modera crescimento

Dilma modera crescimento




BRASÍLIA
O governo não vai controlar a inflação à custa do desemprego e da redução drástica do crescimento. A meta foi exposta ontem, de maneira explícita, pela presidente Dilma Rousseff, aproveitando a sua primeira participação na reunião do "Conselhão". Diante da plateia de empresários, sindicalistas, artistas e ativistas sociais, ela disse é "sempre melhor enfrentar os problemas do crescimento, do que os problemas do desemprego, da falta de renda, da falta de investimento e da depressão econômica".
Numa referência aos críticos preocupados com a possibilidade de o governo perder o controle sobre os preços, Dilma disse que "está atenta dia e noite às pressões inflacionárias, venham de onde vierem". Acrescentou que "compreende" o "calor da paixão" no debate econômico, mas prefere aguardar a eficácia de medidas já tomadas para manter a política de fazer "reduções seletivas" do crédito e do consumo e chegar a um "crescimento moderado".
Antes do pronunciamento da presidente no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o ministro Guido Mantega (Fazenda) fez uma explanação detalhada sobre a visão do governo em relação ao momento econômico mundial e do País. Dois dos 26 slides exibidos - com planilhas que juntavam indicadores e propostas de política econômica - resumiram o que Dilma anunciaria em seguida.
O slide 17 da apresentação do ministro Mantega mostrou que a política do governo é "reduzir a expansão do crédito e moderar o crescimento da demanda sem matar a galinha dos ovos de ouro" - que é o crescimento. O slide 18 explicitou até uma divergência em relação ao governo Lula: o ajuste do governo Dilma, afirmou, "não é o (ajuste) tradicional".
Além de alertar para o fato de que as reduções seletivas não atingirão o investimento, a planilha acrescentava: "Em 2011, continuam (os) estímulos ao investimento".
O "ajuste tradicional", do primeiro ano do governo Fernando Henrique Cardoso (1995), ao último ano do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2010), sempre foi a base de fortes aumentos da taxa básica de juros (Selic) para combater a inflação - o resultado era a queda nos preços acompanhada de uma forte desaceleração da economia e até recessão.
O mercado financeiro, como mostrou o relatório divulgado ontem pelo Banco Central, já prevê para 2011 uma inflação de 6,34% - encostando no teto da meta (6,5%).
Ontem, Dilma disse no "Conselhão" que tomará todas as medidas necessárias para garantir a preservação da "nova classe média", o que chamou de "maior e melhor herança" recebida da Era Lula. Ao defender o crescimento, ainda que "moderado", ela pregou inclusão social e o funcionamento dos canteiros das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Minha Casa, Minha Vida - na prática, a execução do Orçamento mostra que, pelo menos por enquanto, o governo não está fazendo investimentos nesses programas.
Na avaliação da presidente, o País ainda tenta consolidar a recuperação dos efeitos da crise financeira de 2008 e sofreu choques internos recentes, como o aumento dos preços de alimentos in natura e etanol. "Não vamos esconder que a nossa inflação subiu devido a choques internos, na produção de bens importantes como alimentos in natura e etanol", disse.


Fonte:O Diário de Mogi