sexta-feira, 22 de abril de 2011

Decisão do governo irrita Região

Decisão do governo irrita Região

RENATO DE ALMEIDA 
A decisão do secretário de Estado da Saúde, Giovanni Cerri, de não mais instalar na em Mogi das Cruzes o Serviço de Atendimento Psiquiátrico para Dependentes Químicos, Álcool e Drogas continua recebendo críticas por parte de representantes do Município. A reportagem de O Diário ouviu profissionais que trabalham com crianças e adolescentes e, especificamente com dependentes químicos, e também com políticos, sobre o assunto. Os entrevistados destacaram a necessidade de uma clínica como esta na Cidade, em razão da gravidade do problema do uso de drogas. Eles falaram sobre a importância das mobilizações para pressionar o Governo do Estado a mudar de ideia, como a que tem sido preparada pela Associação das Câmaras do Alto Tietê (Acat).
A conselheira Tutelar de Mogi, Mônica Marques dos Santos, lamenta o cancelamento da instalação da Clínica, já que, segundo ela, são muitos os casos de dependência química na Cidade. "Mogi das Cruzes, atualmente, não possui políticas públicas para tratamento de dependentes. Um exemplo disso é que a Saúde Mental conta com apenas um psiquiatra. Por isso, a Clínica seria uma parte muito importante para que esta situação mudasse", declara.
Ela conta que o Conselho Tutelar recebe vários casos envolvendo drogas, tanto de crianças quanto de mães viciadas. "Muitas vezes, essas mães, em um rápido momento de lucidez, nos pedem para ser internadas. Contudo, não há lugar na Cidade para onde encaminhar a pessoa que quer auxílio. Esta falha chega a ser ridícula para um Município deste tamanho", enfatiza.
A Câmara Municipal de Poá, assim como outras câmaras da Região, aprovou moção de repúdio à declaração do secretário Cerri. Os documentos estão sendo encaminhados à Secretaria de Saúde e também ao governador Geraldo Alckmin (PSDB). Além disso, na próxima semana, a Acat irá lançar uma campanha regional contra decisão do Governo. Ferraz de Vasconcelos foi o local escolhido para início da ação, que visa colher 100 mil assinaturas para pressionar o Palácio dos Bandeirantes a voltar atrás e implantar a Clínica em Mogi.
Mônica concorda com a realização desta mobilização. "É muito importante pressionar o Governo do Estado. Afinal, sem um trabalho adequado nesta área, quem sai perdendo é o Município, pois ficamos patinando, sem sair do lugar", aponta.
O vereador Carlos Evaristo da Silva (DEM) conta que a Igreja do Evangelho Quadrangular, da qual é pastor, mantém entidades de atendimento a jovens viciados, em Jacareí e São José dos Campos. Segundo ele, deverá ser construída uma terceira casa em Mogi para atender à Região. Enquanto isso não acontece, o parlamentar engrossa o coro que pede pela Clínica do Estado. "Acho lamentável o Governo cruzar os braços diante desta que é uma questão de saúde pública, de vida. É um descaso com o problema da droga, que é muito maior do que se imagina, principalmente em relação ao crack", critica.
Para Silva, o Poder Executivo também deveria se mobilizar. "Os prefeitos também deveriam abraçar a causa", sugere.
A psicoterapeuta e coordenadora do Projeto Vida, que há 11 anos dá assistência a dependentes químicos de Mogi, Dalva Pavia, acha importante a instalação da Clínica na Cidade, mas tem suas ressalvas. "A demanda por tratamento para mogianos já é muito grande. Não sei se uma Clínica para toda a Região iria ajudar muito", questiona.
Porém, a especialista diz que se o serviço colocasse disponíveis mais psiquiatras, seria muito positivo. "Havendo Psiquiatria, seria interessante se pudéssemos encaminhar nossos internos", argumenta.


Fonte: O Diário de Mogi