quarta-feira, 5 de julho de 2017

Comerciantes e taxistas exigem mais segurança no Centro de Mogi

5 de julho de 2017  DESTAQUE  
Furtos e assaltos são registrados nesse trecho com regularidade durante os dias úteis. (Foto: Edson Martins)
Furtos e assaltos são registrados nesse trecho com regularidade durante os dias úteis. (Foto: Edson Martins)

ELIANE JOSÉ
Quando o motorista e segurança de uma das lojas da Rua Dr. Paulo Frontin, em frente à Catedral de Santana, precisa fazer algum serviço fora, a determinação às funcionárias é que a porta seja fechada, principalmente após o entardecer. Em outro estabelecimento, no mesmo quarteirão, mas na Rua Capitão Manoel Caetano, a vendedora que foi assaltada alguns meses atrás por um homem não abre a porta de vidro. “Não confio mais”, diz Michelle Luchetta.

Furtos e assaltos são registrados nesse trecho com regularidade durante os dias úteis, ao lado da Catedral de Santana. Uma novidade foi na noite de domingo, quando uma pessoa que assistiu à missa das 18 horas de domingo encontrou as janelas do vidro do carro quebradas e sumiço de objetos que estavam no interior veículo.


O caso foi acompanhado pelo padre Rogério de Oliveira. Há cinco meses atuando na Catedral de Santana, o religioso conta que alguns furtos no interior do santuário e a baderna provocada por pessoas sob efeito do álcool ou drogas durante as cerimônias determinaram a contratação de seguranças no principal santuário da Diocese de Mogi das Cruzes, no ano passado. Ele atuam no período da tarde e noite.

Além disso, há algum tempo, a porta lateral de acesso à secretaria da Catedral também passou a ficar fechada. “Foram furtos de objetos pequenos, como vasos e uma caixa de som, mas que começaram a preocupar”, afirma o padre. Segundo ele, os moradores em situação de rua acabam se tornando conhecidos da vizinhança. “Esses normalmente já são conhecidos, porque sempre estão por aqui, a preocupação são as pessoas que roubam para comprar drogas”, acrescenta, opinando que “essas pessoas fazem isso porque estão sob o efeito do álcool, das drogas. Em sã consciência, não agiriam assim”, opina.

Com facilidade, se encontra quem já foi furtado nessa região que conta com rondas da Guarda Municipal e a Atividade Delegada, uma parceria mantida pela Prefeitura e a Polícia Militar. A passagem de guardas e policiais é confirmada por trabalhadores, comerciantes e taxistas. “Nós vemos a Polícia passar, mas não dá para fica um policial em cada esquina”, afirma Michelle que, depois de ser rendida pelo marginal, mudou a rotina.

Na loja onde trabalha, uma plaquinha avisa ao cliente: “Trabalhamos com porta fecha”. Reforços nos equipamentos de segurança foram feitos. E Michelle deixou de fazer outras coisas, como correr nas ruas onde mora, na região do Nova Mogilar: “Passei a ter medo”.

A comerciante Andrea Lourenço do Amaral, da Luáh Modas, também. Em abril deste ano, o estabelecimento foi arrombado durante a noite, da mesma maneira como aconteceu no ano passado, com outros comércios do Centro. “Nós filmamos, mas não foi possível identificar o ladrão que deixou os prejuízos”. Andrea conta com um motorista, que também atua como segurança. Quando sai a serviço, a loja fica de porta fechada.

O funcionário da Luáh, Homero Batani, surpreende-se mesmo é com o crescimento dos jovens dependentes químicos, que circulam pela região. “Têm 14, 15 anos, para mim, que tenho 60 anos, acho que ainda são muito novos para viverem assim”.


Quem também já sofreu prejuízos foi Adriana Alencar, que não fica mais sozinha na loja de roupas femininas, também ao lado da Catedral. “Já pensei em fechar a porta, mas isso também é inseguro porque a pessoa pode entrar e agir com mais facilidade ainda”. Com o fim do estacionamento de carros na Flaviano de Melo e, mais recentemente, na Rua Capitão Manoel Caetano, Adriana passou a viver mais temerosa, à tarde. “Porque o movimento de pessoas caiu muito e só permaneço aqui porque o ponto de táxi veio para frente da loja. Quando os taxistas veem alguém diferente, eles sempre entram aqui para dar um apoio”. Mesmo assim, ela já teve prejuízos com pequenos furtos nos últimos quatro anos.

Alguns taxistas apontam outro motivo de apreensão: o agrupamento de jovens, principalmente nas noites de sextas-feiras, mas também durante o dia. “Rola de tudo aqui, e ninguém pode fazer nada, porque são jovens, todos menores de idade”, disse um dos taxistas.

Segurança
O coordenador da Guarda Municipal, Paulo Roberto Madureira Sales, afirma que os agentes têm atuado nas praças centrais, inclusive a Coronel Almeida, diariamente para coibir ações como a depredação do patrimônio público. Segundo ele, “isso acaba refletindo no policiamento ostensivo”.

Ele admitiu, no entanto, a dificuldade em ampliar os resultados positivos sentidos com locais, como o Largo Bom Jesus. “Essa questão (da segurança urbana) pode ser comparada à água colocada dentro de uma bexiga. Se apertar de um lado, a água vai para o outro lado”, disse, lembrando que a crise econômica agravou a violência urbana.

Além dessa atuação, acrescenta ele, o poder público tem buscado unir outros esforços, como a participação da Assistência Social, do Conselho Tutelar, etc.

Ele recomendou ainda que a população acione a Guarda Municipal (telefones 152 e 153) quando necessário e não deixe de registrar as ocorrências para o desenvolvimento de estratégias específicas em pontos mais vulneráveis.

Esse tipo de comunicação pode inibir a descentralização dos grupos, para outros bairros.

O Diário encaminhou questionamentos sobre o assunto à Polícia Militar, mas até o fechamento não obteve as respostas. (E.J.)

Fonte:O Diário de Mogi