sábado, 9 de julho de 2016

Vítimas do fretado reclamam de falta de apoio

Vítimas do fretado reclamam de falta de apoio
Famílias se abraçam durante homenagem às vítimas do acidente. (Foto: Edson Martins)
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Famílias se abraçam durante homenagem às vítimas do acidente. (Foto: Edson Martins)
Famílias se abraçam durante homenagem às vítimas do acidente. (Foto: Edson Martins)

Um mês após a tragédia com o ônibus dos estudantes que matou 18 pessoas e feriu 28, no quilômetro 84 da Rodovia Mogi-Bertioga, familiares das vítimas e sobreviventes voltaram ontem ao local do acidente para prestar homenagem aos filhos e amigos mortos. Cerca de 30 pessoas participaram do ato, que foi marcado pela emoção e pela indignação com a fala de apoio por parte da Prefeitura de São Sebastião e da União do Litoral, empresa responsável pelo transporte entre a Baixada e as universidades de Mogi das Cruzes.

A estudante Gabriela Leite Braz, de 18 anos, aluna do segundo ano do curso de Engenharia Civil e uma das sobreviventes do ônibus, afirma que um mês depois, ainda não recebeu sequer um telefonema da Prefeitura ou da empresa oferecendo suporte. O namorado dela, Daniel Bertoldo, morreu no acidente, assim como vários amigos.

Até agora, ela não conseguiu atendimento psicológico. “O que está me dando forças é saber que meus amigos que foram embora estão olhando por mim lá de cima”, diz. Gabriela conta que procurou o Centro de Referência de Assistência Social (Cras) de São Sebastião, onde recebeu a garantia de que seria atendida. “Mas até agora, nada”, pontua.

O zelador Jairo Viana de Oliveira, de 44 anos, pai do estudante Guilherme Mendonça de Oliveira, de 19 anos, morto no acidente, conta que o único contato feito com a família pelo poder público chegou por meio de uma funcionária do Programa de Saúde da Família (PSF) de Barra do Una, também quase um mês após a tragédia, marcando consulta com psicólogo para ele e a mulher (que não conseguiu juntar forças para participar da homenagem). “Mesmo assim, não foi uma iniciativa da Prefeitura ou da empresa. Essa pessoa foi até a gente porque nos conhece”, ressalta.

O descaso de São Sebastião fica mais evidente quando familiares das vítimas falam que foram procurados, mas por representantes de outras cidades, conforme conta o caseiro Otacílio Pereira de Lima Filho, de 53 anos. A única filha dele, Rita de Cássia Alves de Lima, de 19 anos, morreu no acidente. “Eu vou processar a empresa, a Prefeitura, e quem mais for responsável. Nem ao próprio motorista deram assistência, imagina como ficamos nós? Todo mundo tem meu telefone, meu endereço, mas ninguém entrou em contato. Agora, é só esperar a Deus. Mas eu vou até o fim”, desabafa.

Ele conta que a Câmara de Bertioga e a Prefeitura do Guarujá, “que não têm nada a ver com a situação”, o procurou para oferecer ajuda. “Mas, quem deveria nos dar assistência nem apareceu, e ainda fica mentindo para todo mundo”, completa.

Em nota, a empresa União do Litoral afirma que desde o dia 9 de junho “tem prestado assistência necessária a todas as famílias” que a acionaram. “Foram atendidas, inclusive, com veículo e motorista para deslocamento de alta hospitalar e exames médicos”, garante.

Já a Prefeitura de São Sebastião, responsável pela contratação do fretamento do ônibus, disse que tem prestado assistência às famílias, desde o dia da tragédia, e que implantou um Posto de Atendimento específico no Centro de Referência de Assistência Social (Cras) de Boiçucanga, com orientação jurídica, psicológica e social.

Fonte:O Diário de Mogi