sábado, 9 de julho de 2016

AMAZÔNIA: Funai rejeita pedido para forçar contato com tribos indígenas isoladas

AMAZÔNIA:
Funai rejeita pedido para forçar contato com tribos indígenas isoladas
Funai rejeita pedido para forçar contato com tribos indígenas isoladas
Pedido foi feito por dois antropólogos dos EUA. Em resposta, Funai afirmou que contato forçado expõe tribos a doenças e violência
8 jul, 2016
 Funai rejeita pedido para forçar contato com tribos indígenas isoladas
Funai diz que política de contato já foi tentada e teve resultados catastróficos (Foto: EBC)
O Brasil rejeitou e teceu fortes críticas ao pedido de dois antropólogos americanos para forçar o contato com tribos indígenas isoladas da Amazônia de forma a garantir a sobrevivência delas.

Em uma carta aberta divulgada na última quinta-feira, 7, e assinada por 18 especialistas em políticas indígenas, a Fundação Nacional do Índio (Funai) rejeitou a visão de Robert Walker e Kim Hills, que afirmaram que permanecerem isoladas “não é uma opção viável a longo prazo” paras as tribos na Amazônia que nunca tiveram contato externo. Estima-se que há entre 50 e 100 tribos nessa situação.

Walker e Kim são professores das universidades do Missouri e do Arizona. No ano passado, eles publicaram um artigo na revista Science defendendo que “o contato controlado é a única maneira possível de proteger essas tribos”. Os antropólogos criticaram a política brasileira, classificada por eles de “política do deixem eles sozinhos” e afirmaram que “o contato controlado é melhor que nenhum contato”.

No entanto, os especialistas da Funai argumentam que o contato pode gerar grandes riscos, incluindo a perda de terras e recursos para pessoas violentas, a exposição a doenças contra as quais os índios não têm nenhuma imunidade e a perda da autonomia das tribos. O órgão afirma que a política de contato já foi tentada e teve resultados catastróficos.

“Nunca há um controle absoluto em situações de contato. […] Vale lembrar que a prática adotada pelo Brasil durante a intensa expansão econômica das décadas de 1970 e 1980, resultou na ampla desintegração e morte de indígenas que, até então nunca tiveram contato externo”, diz a carta da Funai.

O órgão afirma que o crescimento observado nas últimas décadas na população de tribos isoladas em várias partes da Amazônia prova que a política do órgão de mapear, monitorar e respeitar a autonomia das tribos é a forma correta de protegê-las.

A decisão da Funai foi elogiada pelo grupo de direitos humanos britânico Survival International. O grupo classificou o artigo dos antropólogos americanos como “perigoso e equivocado”.

Sarah Shenker, integrante do grupo que se dedica à preservação de tribos indígenas, disse em entrevista à Reuters que a Funai tem pleno conhecimento da situação e sabe exatamente como proceder. “A mensagem deles é bem sensata. São eles que estão em campo, observando o que acontece em casos em que há o contato”.


Fonte:Jornal Impresso Brasil