sábado, 11 de outubro de 2014

Dilma acusa oposição de “golpe”
SÁB, 11 DE OUTUBRO DE 2014 00:00
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A petista Dilma Rousseff e o tucano Aécio Neves durante o último debate antes do 1º turno / Foto: Divulgação

Em discurso de improviso na tarde de ontem (10) em Canoas (RS), a presidente Dilma Rousseff (PT) acusou a oposição de usar as investigações da Petrobrás para dar um “golpe” no país.

“Eles [oposição] jamais investigaram, jamais puniram, jamais procuraram mudar esse crime terrível que é o crime da corrupção. Agora, na véspera eleitoral, sempre querem dar um golpe. E estão dando um golpe. Esse golpe nós não podemos concordar”, afirmou a petista, diante de aplausos dos militantes do PT presentes no evento.

Na quinta, foram divulgados áudios dos depoimentos do ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef à Justiça -eles acusaram o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, de receber para a sigla verbas desviadas de obras da estatal. O tesoureiro nega.

Dilma discursou em Canoas, município da região metropolitana de Porto Alegre administrado pelo PT, após caminhada. Em sua fala, de cerca de dez minutos, repetiu parte do que já dissera no início da tarde em Brasília, quando atacou o que chamou de “uso eleitoral” da investigação na Petrobrás.

Na entrevista em Brasília, a presidente criticou a divulgação de depoimentos sobre corrupção na estatal. “Que haja de fato interesse legítimo, real e concreto de punir corruptos e corruptores, mas que não se use isso de forma leviana em períodos eleitorais e de forma incompleta, porque nós não temos acesso a todas as informações.”

“Sei também, por informação tanto do Ministério Público quanto do Supremo Tribunal Federal, do ministro responsável, que essas informações ainda estão sob sigilo. Então acho muito estranho e muito estarrecedor que, no meio de uma campanha eleitoral, façam esse tipo de divulgação”, acrescentou ela.

Os depoimentos de Costa e Youssef na quinta não eram sigilosos -foram feitos numa ação já em curso na Justiça Federal, sem sigilo.

Além disso, ambos firmaram acordos de delação premiada com o Ministério Público para dar detalhes sobre o esquema. Os depoimentos dessa delação, porém, são sigilosos, e suas íntegras ainda não vieram a público. O governo Dilma pediu acesso a eles, mas ainda não obteve.

“A delação premiada, para ser aceita, tem que estar baseada em provas. O que eu suponho? Que lá esteja a maior parte das provas, que lá tenha um arco bem maior do que esse que foi divulgado. O que eu considero incorreto é divulgar parcialmente num momento eleitoral”, declarou a presidente.

Ontem o ministro licenciado Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário) publicou no site da campanha do PT texto em que vê nas denúncias “gravíssima tentativa de manipular a eleição”.

A Justiça Federal do Paraná divulgou nota rebatendo a acusação de que houve “vazamento” dos depoimentos.

O texto lembra que os depoimentos são relativos a uma das dez ações penais do caso, deflagrado com a Operação Lava Jato da Polícia Federal, na qual ambos foram presos. “Referidas ações penais não tramitam em segredo de Justiça e, portanto, estão sujeitas ao princípio da publicidade”, afirma a nota.

Fonte:O Diário de Mogi