domingo, 30 de dezembro de 2012

Exemplos Dom de superar os desafios da vida


Exemplos
Dom de superar os desafios da vida
Existem pessoas que têm uma fibra a mais e não se deixam abater diante de uma mudança em suas trajetórias
Jamile Santana
Da Reportagem Local

Depois de se adaptar à nova condição, Dornelles investiu no esporte, no qual vem se destacando
Para muitas pessoas, o ano novo significa também o início de uma nova etapa da vida. Arrumar o armário, abandonar hábitos, resgatar valores - sempre fazemos aquelas listas de prioridades para os próximos 365 dias. Mas algumas pessoas são obrigadas a mudar os planos no meio do caminho. São acometidas por incidentes inexplicáveis e, por vezes, indesejados. Algumas delas levam o ditado popular "faça do limão uma limonada" ao pé da letra, e mostram um dos mais bonitos e potentes dons humanos: o dom da superação.

Em Mogi das Cruzes, Fábio Moraes Dorneles, de 29 anos, se destaca quando o assunto é sobrepor as dificuldades e as surpresas (desagradáveis) da vida. Vítima de um acidente, ele perdeu os movimentos dos braços e das pernas. Mas não se deu por vencido e, hoje, é campeão paralímpico na bocha.

Muito bonito e no auge de sua juventude - aos 21 anos -, trabalhava como promoter de baladas. No dia 25 de novembro de 2003, Dorneles participava de uma festa na casa de amigos na Vila Oliveira: "Comecei a pular do segundo andar da casa para a piscina. Como tinha feito saltos ornamentais, tinha o controle. Mas era uma festa, eu tinha bebido e em um desses saltos pulei muito alto para a piscina rasa demais. Cai de cabeça, quebrei o pescoço e fiquei paralisado dentro da água. Comecei a boiar e um rapaz que me puxou para cima achou que eu estava brincando, porque eu não conseguia falar, e me jogou de volta na piscina. Achei que ia morrer." 

Processo
O acidente foi grave, ele perdeu os movimentos das pernas e dos braços. Mesmo com a transformação total em sua vida, nunca se deixou abater. Aventureiro, a superação sempre chamou mais a atenção do que as limitações. "Na verdade, o médico nunca me falou nada. Eu me recuperei muito rápido, então ele nunca quis dar nem tirar minhas esperanças. No começo, foi difícil porque eu não conseguia levantar a cabeça porque já desmaiava. Eu só ficava deitado e todo mundo fazia tudo por mim". 
Claro que o processo de adaptação não foi fácil, por isso a superação foi tão grande. "Sempre fui muito vaidoso. Ia para a balada, ficava com várias meninas. Quando ocorreu o acidente eu pensava ´agora ninguém mais vai querer ficar comigo´. Mas, ao mesmo tempo, eu queria continuar saindo, ter a vida que eu tinha. E isso me motivou. Fiz fisioterapia e me concentrei em conseguir ficar pelo menos sentado, com a cabeça erguida, sem desmaiar. Foi um processo difícil, porque eu tinha vergonha. Eu saía, mas ficava escondido no carro", contou. 
Dorneles aceitou a nova condição por causa da bela atitude de um amigo seu, que ao ir ao shopping com ele, pediu uma cadeira de rodas para andar ao seu lado pelos corredores do centro de compras. E essa aceitação acabou abrindo portas e novas possibilidades para o jovem. Hoje, Dorneles é medalhista de ouro parapanamericano de bocha adaptada pelo Parapan de Guadalajara, em 2011.


Fonte:Mogi News