domingo, 30 de dezembro de 2012


André do Prado ganha apoio em proibição
DOM, 30 DE DEZEMBRO DE 2012 00:00
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Prado diz que se Estado não fiscalizar, de nada adiantará / Foto Divulgação

A recente aprovação, na Assembleia Legislativa, do projeto de lei que proíbe a fabricação e comercialização de brinquedos que imitam armas de fogo em todo o Estado ganha o apoio na Cidade. A proposta, de autoria do deputado estadual André do Prado (PR), que segue para sanção do governador Geraldo Alckmin (PSDB), prevê desde multa até a cassação da licença de funcionamento do estabelecimento que descumprir a regra.
No entanto, o psicólogo Agostinho Caporali diz que o banimento apenas dos brinquedos que simulam armas de fogo não é suficiente. “Colocaria neste pacote os videogames violentos, que instigam a violência tanto quanto as armas de mentira. A criança pode não ter mais uma arma de fogo como brinquedo, mas quando ela entra no computador tem um míssil, um canhão, ou o que quiser”, continua, sem deixar de destacar que “cada ser humano é diferente, ou seja, nem toda criança que brinca com jogos violentos ou armas de brinquedo se tornará um adulto violento”.
Ele destaca ainda que a própria sociedade já marginalizou, há algum tempo, a compra de brinquedos em formato de arma. “Antigamente, quando eu era criança, assistíamos aos filmes de bang-bang, velho oeste, e víamos a arma de fogo como algo da lei e do poder. Os garotos tinham três opções de brinquedos: a bola, o carrinho ou um revólver. Com o tempo, percebeu-se que o revólver instigava a violência. A criança aprendia desde cedo a se impor pelo poder da arma que ela tinha na mão”, explica Caporali.
Por estes e outros motivos, o profissional avalia como benéfica a criação da lei que inviabilize o acesso a este tipo de objeto. “Quando a criança pega numa arma de fogo, o que diz? ‘Eu vou te matar’. Então, é um brinquedo ligado à violência e morte. Quando ela está formando seu raciocínio e valores, quanto mais afastada da violência, mais saudável será”, completa. Para a criança, continua, “o mundo é o brinquedo. Então, estamos banindo do mundo dela um brinquedo que a leva à violência”.
Já o autor da proposta, o deputado estadual André do Prado, lembra que sem maior rigor na fiscalização de nada adiantará a lei. “O Governo do Estado terá de fiscalizar e realizar ações educativas. Muitas leis boas são criadas, mas sem a fiscalização elas se tornam inúteis”, alerta.
Ainda de acordo com o parlamentar, um dos objetivos é dificultar a ação de marginais que utilizam réplicas de armas de fogo em assaltos. “O próprio vice-presidente da República, Michel Temer, foi vítima de bandidos que utilizaram deste artifício. Os assaltantes fazem isso para que a pena seja amenizada”, lembra.
Outra questão é pedagógica. “Também é válido fazer com que as crianças não tenham acesso a essas armas de brinquedo. A substituição por opções mais educativas evita que elas cresçam pensando que armas são coisas normais”, pontua o deputado, que consultou profissionais, como psicólogos, antes de formatar o projeto de lei. “Acredito que isso trará benefícios à sociedade, mas vai depender de a lei ‘pegar’”.

Fonte:O Diário de Mogi