domingo, 20 de maio de 2012

Saúde O drama de quem precisa da rede pública para tratamento de câncer


Pacientes que dependem do Sistema Único de Saúde falam sobre a dificuldade e a incerteza do tratamento
Noemia Alves
Da Reportagem Local
Jorge Moraes

Pacientes oncológicos de Mogi e região que eram atendidos no Hospital do Câncer relatam como estão enfrentando o tratamento que agora é realizado no Hospital Luzia de Pinho Melo, no Mogilar
O "cabo de guerra" entre a Secretaria de Estado da Saúde e o Centro Oncológico e Hospital do Câncer "Flávio Isaías Rodrigues", de Mogi das Cruzes em que se transformou o atendimento ambulatorial, quimioterapia e radioterapia por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) tem prejudicado em especial quem mais precisa do serviço: os pacientes. O Mogi News conversou com pacientes e seus familiares e os relatos apontam que desde a notícia do bloqueio de recursos do SUS para iniciar processo de descredenciamento do Hospital do Câncer e a decisão de transferência dos serviços para o Luzia de Pinho Melo, no início do mês, não há informações ou prazos para a continuidade do tratamento de alguns doentes. Além disso, há muita dificuldade para obter medicamentos.


Quando alguns pacientes conseguem atendimento, são obrigados a aguardar horas em filas, passando fome e, às vezes, frio, enfrentando uma realidade bem diferente da qual estavam acostumados. Foi o caso do professor aposentado José Sidney de Mello, de 71 anos. Ele foi um dos primeiros a ser atendido no Luzia de Pinho Melo, no novo sistema implantado pelo Estado. "Experimentei os dois serviços e posso dizer: em nenhum outro lugar um paciente com câncer é tão bem tratado como no Centro Oncológico e no Hospital do Câncer de Mogi", comentou.


"Minha quimioterapia estava marcada para às 13 horas e só fui atendido após às 15 horas, sendo que a primeira hora de espera foi para pegar uma senha e aguardar numa nova fila para poder preencher os dados da ficha e ser encaminhado para o corredor destinado à oncologia. Nem o idoso é respeitado. Todos têm de aguardar a sua vez, da melhor forma que puder, sentados, ou não", denuncia. 
A comerciante Izabel Eurico Senzaki, 69 anos, moradora de Suzano, também não tem boas recordações do hospital estadual. "Descobri que tinha câncer no intestino no início de 2009 e passei quase um ano num jogo de empurra da saúde pública de Suzano e também do Estado. Uma sobrinha, cansada de ver meu sofrimento, conseguiu marcar uma cirurgia no Hospital Luzia de Pinho Melo, após muita insistência, com políticos. Depois, os médicos de lá, me mandaram procurar um médico do SUS, talvez da minha cidade, para realizar iniciar o tratamento. Por fim, consegui me tratar no Centro Oncológico".


O atendimento humanizado do Centro Oncológico e Hospital do Câncer também fizeram diferença no tratamento da aposentada Elisa Pereira Bueno dos Santos, 60, moradora de Suzano.


"Fui recebida com muito carinho, sorrisos e palavras de incentivo pelos médicos e voluntários. Minha vida ganhou outro sentido. Três vezes por semana, retornava ao hospital com uma grande vontade de viver. Eu nem me incomodava com o horário, passava o dia lá, se necessário, e ainda recebia chá, lanche, almoço", explica ela, que há dois anos e meio faz tratamento com radioterapia e quimioterapia.


Fonte:Mogi News