Um Conselho Municipal da Comunidade Negra, inserção da cultura afro em todas as escolas da Cidade, além de cursos preparatórios para vestibular e concursos públicos são os principais projetos prestes a serem implementados em prol da comunidade afrodescendente de Mogi das Cruzes, que chegou a 34% da população residente, segundo dados do censo 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar de algumas conquistas dos negros, ao longo de 124 anos da Abolição da Escravatura, a ser comemorada amanhã, "há ainda muito preconceito e discriminação sofridos pela comunidade negra", sinaliza o vereador Geraldo Tomaz Augusto (PMDB).
"O maior desafio hoje é fazer o negro se aceitar como tal", diz Geraldão que, desde a Campanha da Fraternidade da Igreja Católica de 1988, cujo mote era "Ouvi o Clamor deste Povo" e combatia o preconceito racial, vem lutando para agregar a comunidade de Mogi das Cruzes e pela igualdade entre raças. Segundo ele, falta engajamento dos negros para lutarem por seus direitos. "A realidade é que estão com baixa estima e, muitas vezes, preferem pensar que não são negros, levando tudo na brincadeira quando alguém conta uma piada preconceituosa, ou quando eles mesmos a contam, achando tudo normal, o que não é. Agora, defender os próprios direitos, não fazem", declara o vereador.
Há 24 anos, ele organiza encontros com a comunidade todas as últimas quartas e quintas-feiras do mês, às 19h30, na Paróquia Imaculado Coração de Maria, no Jardim Universo, e lá são debatidos vários temas de interesse à cultura afro. "Começamos a ensinar músicas africanas, danças, fazer palestras explicativas sobre a nossa cultura e necessidades, além de buscarmos entendimento sobre algumas doenças pertinentes à raça, como a anemia falciforme", explica o parlamentar.
"O negro sempre foi visto como alguém que só sabe fazer serviços informais. Queremos mostrar à sociedade que nós temos capacidade, sim, e só queremos oportunidades", ressalta o vereador, informando que, por esse motivo, a partir do ano que vem, tentará implantar na Cidade, com apoio de Organizações Não Governamentais (ONGs), um projeto de cursos preparatórios para vestibulares e concursos que ajudará os negros a conquistarem vagas em universidades e cargos públicos.
Além disso, ele pretende trazer para Mogi, uma escola preparatória para o mundo artístico, televisivo e teatral, focada na inserção dos negros nesses meios. "Deve começar na Vila Joia. Nós já temos um prédio reservado para as ações e uma ONG nos ajudará, em parceria com o poder público municipal", ratifica.
Com relação à criação do Conselho Municipal da Comunidade Negra, o pontapé inicial será dado no primeiro dia do Fórum Municipal de Assistência Social, organizado pela Secretaria de Assistência Social, a ser realizado na segunda-feira, às 19h30, no Centro Municipal de Formação Pedagógica (Cemforpe), no Mogilar (leia mais nesta página). "Quero que a população mogiana, independentemente da raça, participe deste momento que, pra nós, é de grande importância. Somos iguais como seres humanos e precisamos caminhar juntos", conclui Geraldão.
Fonte:O Diário de Mogi