sábado, 12 de maio de 2012

Negros ainda driblam preconceito


FERNANDO PIOVEZAM

Um Conselho Municipal da Comunidade Negra, inserção da cultura afro em todas as escolas da Cidade, além de cursos preparatórios para vestibular e concursos públicos são os principais projetos prestes a serem implementados em prol da comunidade afrodescendente de Mogi das Cruzes, que chegou a 34% da população residente, segundo dados do censo 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar de algumas conquistas dos negros, ao longo de 124 anos da Abolição da Escravatura, a ser comemorada amanhã, "há ainda muito preconceito e discriminação sofridos pela comunidade negra", sinaliza o vereador Geraldo Tomaz Augusto (PMDB).
"O maior desafio hoje é fazer o negro se aceitar como tal", diz Geraldão que, desde a Campanha da Fraternidade da Igreja Católica de 1988, cujo mote era "Ouvi o Clamor deste Povo" e combatia o preconceito racial, vem lutando para agregar a comunidade de Mogi das Cruzes e pela igualdade entre raças. Segundo ele, falta engajamento dos negros para lutarem por seus direitos. "A realidade é que estão com baixa estima e, muitas vezes, preferem pensar que não são negros, levando tudo na brincadeira quando alguém conta uma piada preconceituosa, ou quando eles mesmos a contam, achando tudo normal, o que não é. Agora, defender os próprios direitos, não fazem", declara o vereador.
Há 24 anos, ele organiza encontros com a comunidade todas as últimas quartas e quintas-feiras do mês, às 19h30, na Paróquia Imaculado Coração de Maria, no Jardim Universo, e lá são debatidos vários temas de interesse à cultura afro. "Começamos a ensinar músicas africanas, danças, fazer palestras explicativas sobre a nossa cultura e necessidades, além de buscarmos entendimento sobre algumas doenças pertinentes à raça, como a anemia falciforme", explica o parlamentar.
"O negro sempre foi visto como alguém que só sabe fazer serviços informais. Queremos mostrar à sociedade que nós temos capacidade, sim, e só queremos oportunidades", ressalta o vereador, informando que, por esse motivo, a partir do ano que vem, tentará implantar na Cidade, com apoio de Organizações Não Governamentais (ONGs), um projeto de cursos preparatórios para vestibulares e concursos que ajudará os negros a conquistarem vagas em universidades e cargos públicos.
Além disso, ele pretende trazer para Mogi, uma escola preparatória para o mundo artístico, televisivo e teatral, focada na inserção dos negros nesses meios. "Deve começar na Vila Joia. Nós já temos um prédio reservado para as ações e uma ONG nos ajudará, em parceria com o poder público municipal", ratifica.
Com relação à criação do Conselho Municipal da Comunidade Negra, o pontapé inicial será dado no primeiro dia do Fórum Municipal de Assistência Social, organizado pela Secretaria de Assistência Social, a ser realizado na segunda-feira, às 19h30, no Centro Municipal de Formação Pedagógica (Cemforpe), no Mogilar (leia mais nesta página). "Quero que a população mogiana, independentemente da raça, participe deste momento que, pra nós, é de grande importância. Somos iguais como seres humanos e precisamos caminhar juntos", conclui Geraldão.

Fonte:O Diário de Mogi