quarta-feira, 4 de abril de 2012

DEM quer expulsar Demóstenes


BRASÍLIA



O DEM abre hoje processo de expulsão contra o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), flagrado em conversas telefônicas defendendo interesses de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, que comanda uma rede de jogos ilegais no País, por "reiterados desvios da ética". "O senador está em xeque. A classe política está em xeque, mas quem mais está em xeque é o DEM, que é um partido que não aceita desvios", disse ontem o senador José Agripino Maia (RN), presidente e líder da legenda no Senado.


A decisão foi tomada em reunião na casa de Agripino, que contou com a presença do líder na Câmara, ACM Neto (BA), do deputado Ronaldo Caiado (GO) e do vice-governador de Goiás, José Eliton.


Desde a manhã de ontem, os caciques movimentavam-se para ter uma conversa "definitiva" com o senador goiano até a noite. Ficou acertado que Demóstenes contaria sua versão ao presidente do DEM, senador José Agripino (RN), ao líder da bancada na Câmara, Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), e ao presidente do partido em Goiás, deputado Ronaldo Caiado.


"Nós precisamos ter esta conversa, que precisa ser definitiva", afirmou Agripino ao Grupo Estado, no início da tarde. A cúpula do DEM havia dado a Demóstenes um ultimato até ontem para se explicar. Mas, diante das novas denúncias, a cúpula quis antecipar o encontro. Demóstenes não apareceu e Agripino sentenciou: "O DEM não quer mais esperar".


Demóstenes passou o dia em casa, reunido com advogados e com o deputado Caiado, que tem feito o meio de campo entre ele e a cúpula da legenda. O advogado do senador, Antonio Carlos de Almeida Castro, disse que o parlamentar não se reuniu ontem à noite com a cúpula do partido porque não tinha analisado ainda os autos do processo.


Há, ainda, a expectativa em torno de uma renúncia do senador. O que pesa para Demóstenes adiar a decisão é o foro privilegiado a parlamentares. Como senador, ele só pode ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal.


Em outra frente, cinco senadores pediram pressa ao Senado para convocar o Conselho de Ética. Na semana passada, foi acertado que o colegiado só se reuniria na próxima terça-feira para eleger o novo presidente. Mas as novas denúncias fizeram com que os parlamentares cobrassem um encontro nesta semana. "Este julgamento é inevitável. A instituição é mais importante do que as pessoas. Nós somos transitórios", disse o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR).


O tucano disse que vai procurar o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), para tentar acelerar a eleição no conselho.


A presidência do Conselho de Ética está vaga desde setembro de 2011, quando o senador João Alberto (PMDB-MA) deixou a Casa para ocupar um cargo no governo de Roseana Sarney. O presidente interino, Jayme Campos (MT), correligionário de Demóstenes, declarou-se impedido para conduzir o processo. Caberá ao PMDB indicar o próximo presidente.


Fonte:O Diário de Mogi