quarta-feira, 4 de abril de 2012

Crise na Santa Casa: Faltam vagas também na rede particular


Grávidas estão sendo transferidas e a conta fica para a Santa Casa de Mogi das Cruzes. Mas, ainda assim, há dificuldade em conseguir vagas
Noemia Alves 
Da Reportagem Local
Jorge Moraes

UTI Neonatal da Santa Casa de Mogi superou o limite aceitável
Não bastasse a superlotação da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal e o risco iminente de infecção hospitalar dos bebês recém-nascidos, a direção da Santa Casa de Mogi enfrenta, agora, um novo dilema: conseguir vagas nas UTIs de hospitais particulares do município. 
Segundo o provedor da Santa Casa, Mário Calderaro, não há mais vagas de leitos nas UTIs do Mogi D´Or e do Hospital Santana - únicos hospitais particulares do município que oferecem cuidados especiais aos bebês prematuros e que se dispuseram a receber os pacientes da filantrópica. 
"Fizemos todas as solicitações possíveis e somente o Mogi D´Or cedeu uma vaga. A última que tinha disponível. Agora, voltamos à estaca zero, atrás, desesperadamente, de mais colaboradores", contou Calderaro. A Santa Casa tem 14 bebês na UTI Neonatal, cinco acima da capacidade máxima. 
Ele conta que na noite de anteontem uma gestante mogiana, de 35 semanas (cerca de sete meses), considerada de alto risco, que procurou a Santa Casa, teve de ser transferida às pressas ao Mogi D´Or, em trabalho de parto. A remoção atende a uma recomendação do Ministério Público à direção da Santa Casa para que encaminhe as gestantes, mesmo sem convênio, para hospitais particulares. "Primeiramente é preciso salvar vidas e somente, depois, a internação e procedimentos, é que vamos verificar quem pagará a conta", reforçou o promotor de Justiça Fernando Lupo, em entrevista ao Mogi News. Ele estuda a possibilidade ingressar com ação civil pública determinando a ampliação do número de leitos na UTI Neonatal. Outra possibilidade é a reabertura dos leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal da Santa Casa de Suzano para desafogar a superlotação em Mogi. Até o fim da tarde de ontem, ao menos duas grávidas estavam internadas na Santa Casa de Mogi aguardando transferência para hospitais com UTI Neonatal. 
De acordo com o gestor hospitalar da Santa Casa, Paulo Toledo, a Central de Regulação para remoções chegou a liberar a transferência de gestantes para São José dos Campos e Taubaté, no Vale do Paraíba. Contudo, sem explicações, as vagas foram desautorizadas logo em seguida. O Hospital Santana informou, segundo Assessoria de Imprensa, que tem dois leitos para recém-nascidos prematuros, mas eles estão ocupados, por tanto, sem possibilidade de contribuir no momento. Já o Hospital Ipiranga se pronunciou sobre a disponibilidade de vagas. 
A jovem Nayara Fernandes dos Santos, de 17 anos, foi uma das gestantes que nos últimos dias deu à luz na Santa Casa. Segundo a família, a jovem procurou atendimento no sábado de madrugada, mas só foi internada no domingo à tarde. "Minha filha tinha dores, estava em trabalho de parto e os médicos a mandaram para casa. Como não tínhamos mais onde recorrer, voltamos e após muita insistência ela conseguiu ser internada para ter o bebê", contou a mãe da jovem, Sílvia Santos. O bebê, uma menina de pouco mais de 39 semanas de gestação, porém com problemas de má formação e baixo peso (2,5 quilos), é o 14º internado na UTI Neonatal. "Precisamos saber o que aconteceu, se foi demora no atendimento e qual o real risco do bebê. Não há informações", reclamou Silvia. 
O gestor hospitalar da Santa Casa, Paulo Toledo, garantiu que todo atendimento foi dado à jovem e seu bebê e que a gravidade do caso em nada tem a ver com o parto. "Foi uma situação que ocorreu durante a gestação", disse. 
A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado da Saúde informou que "não procede a informação de que a Cross (Central de Regulação da Oferta de Serviços de Saúde) tenha cancelado vaga após autorizar transferência de paciente internado na Santa Casa de Mogi. Pelo contrário. A vaga foi autorizada, mas a Cross foi informada de que o paciente em questão havia sido transferido, por opção de familiares, a um hospital particular".


Fonte:Mogi News