quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Abuso sexual Comportamento denuncia violência


Mudanças de personalidade, problemas na escola e isolamento podem indicar que algo está errado
Cleber Lazo
Da Reportagem Local
Adriano Vaccari

Cândida: "Até as crianças apresentam sinais de violência sexual. As mães precisam estar atentas ao comportamento dos filhos"
Os recentes casos de assassinato e abuso sexual envolvendo meninas em Mogi das Cruzes chocaram a região e levantaram perguntas difíceis de serem respondidas. O que leva um homem próximo à vítima, seja o padrasto, o namorado ou uma pessoa que trabalhava há mais de uma década com a família, a praticar atrocidades como as que tomaram conta do noticiário nos últimos meses? A mãe não percebeu, se é que isso é possível, um sinal, mesmo que pequeno, o qual indicaria a possibilidade de a garota ser violentada pelo marido ou ente próximo? E como agir após a constatação?
O Mogi News conversou com a psicóloga Cândida Plaza Teixeira, que desenvolve estudos relacionados a crimes sexuais do ponto de vista comportamental, para responder algumas questões que podem evitar novos casos. Para a especialista, o principal fator que pode mudar o futuro dos filhos é "manter o diálogo e ter atenção às mudanças de comportamento". "As mães devem ficar atentas até mesmo às atitudes da menina com o pai. Quando há um envolvimento com o padrasto, este monitoramento precisa ser ainda maior", afirmou. 
Mudanças de personalidade, problemas na escola, isolamento, são algumas das características que podem indicar que algo está errado com a criança ou adolescente. "Se perceber algo de diferente, é preciso conversar francamente com os filhos, professores e até com os amigos do menino ou menina", orientou. "Mesmo que muito novas, com dois ou três anos de idade, as crianças apresentam sinais de que foram violentadas. Basta perceber se elas ficam com medo de alguém. Desconfie e procure entender o porquê deste temor", recomendou Cândida.


A psicóloga contou que muitas mulheres notam ou são informadas pelos filhos de um suposto abuso, mas com medo de perder o companheiro, não procuram a polícia. "Também há casos de mães que não denunciam o autor porque sofrem ameaças. Nestes casos, o vizinho ou parente próximo precisa comunicar as autoridades", disse. "Não podemos ter vergonha. Este sentimento pode ser substituído por arrependimento", afirmou Cândida.


A escola, segundo a especialista, tem um papel muito importante na educação sexual dos jovens. "O tema ainda é tratado como tabu, mas a disciplina faz parte do currículo escolar do Ensino Fundamental e o tema precisa ser discutido em sala de aula", avaliou.




Todas as classes
"Não existe um perfil definido do agressor. Há casos em todos os níveis sociais e econômicos. Ele não dá sinais e o único motivo que o leva a agir desta forma é um desvio de caráter. A atenção precisa ser voltada a possível vítima".


Fonte:Mogi News