quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Marta sai da corrida em São Paulo


PRESSÃO Marta ficou sem respaldo interno para dar continuidade ao projeto de disputar prévias


SÃO PAULO
Em ação conjunta com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente Dilma Rousseff pediu ontem à senadora Marta Suplicy (PT-SP) que abandone sua pré-candidatura à Prefeitura da capital paulista na eleição de 2012. A ação abre caminho para chancelar o ministro Fernando Haddad (Educação) como o candidato do PT na disputa.


O encontro entre Marta e Dilma, e o respectivo pedido de desistência, foram divulgados pela própria Presidência da República em ato acertado com Marta. O pedido feito por Dilma faz parte do roteiro combinado com a senadora, que anuncia na quinta-feira em São Paulo a desistência da pré-candidatura à Prefeitura.


Acuada no PT pela operação de Lula a favor de Haddad, a ex-prefeita paulistana ficou sem respaldo interno para dar continuidade ao projeto de disputar prévias, marcadas para novembro.


O convite da Presidência a Marta para a conversa foi feito na segunda-feira. A reunião entre as duas acabou ocorrendo horas depois, no Aeroporto de Congonhas, dentro do avião presidencial. Depois do encontro, Dilma visitou Lula num hospital da capital, onde ele deu início a tratamento de saúde, e relatou a conversa ao ex-presidente. À noite, embarcou para Cannes, onde participa de reunião do G20.


"Dilma fez um apelo, afinada com o presidente Lula, para que Marta desista da candidatura", divulgou ontem, em Cannes, a ministra da Secretaria de Comunicação Social, Helena Chagas.


Lula e Dilma já haviam conversado sobre a necessidade de buscar uma saída para Marta durante viagem para Manaus, no último dia 24. Embora tenha boa inserção na base do PT e lidere as pesquisas de intenção de voto, Marta amarga um isolamento gradual entre os parlamentares e dirigentes do partido desde que perdeu a eleição para a Prefeitura paulistana em 2008.


A situação piorou com a operação de Lula pró-Haddad, que culminou no apoio de 60% do partido à pré-candidatura do ministro. As prévias tornaram-se, então, uma operação de risco para a ex-prefeita, e o lema no PT foi buscar uma "saída honrosa". O vazamento pela Presidência do pedido de desistência feito à senadora atende tanto aos anseios do governo quanto aos da própria Marta, que preparou o caminho para a desistência.


Agora a negociação passa por acomodar a senadora em um local de prestígio. Os petistas dizem que Dilma não sinalizou com nenhum cargo, mas teria feito projeções para o futuro. Marta ambiciona o Ministério da Educação. Segundo integrantes do partido, ela pode ser indicada para a Cultura, numa eventual reforma ministerial do ano que vem, ou conseguir o apoio do governo num voo mais alto, como disputar a presidência do Senado - hoje ela ocupa a vice.


Desde que ouviu de Lula que seria melhor desistir da candidatura em agosto, Marta já dava sinais de que não se manteria no páreo.


Assim como a articulação para a desistência de Marta, o ex-presidente também montou operação para conseguir a desistência dos demais pré-candidatos, os deputados Jilmar Tatto e Carlos Zarattini e o senador Eduardo Suplicy. No PT, avalia-se ser mais fácil a desistência de Zarattini e Tatto.


O "Estado" apurou que o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), colabora com o ex-presidente na operação de convencimento de Tatto, que passa pela indicação para a liderança do PT na Câmara.


Os dois deputados, no entanto, negam que pretendam abrir mão das prévias. "Da minha parte, não muda nada. O processo para a liderança do partido é independente do processo de disputa na capital", afirmou Tatto. "Vou manter minha candidatura. Vamos trabalhar pela unidade do partido. As prévias não colocam em risco a unidade", disse Zarattini, que já apresentou a lista de apoios necessários para se inscrever na disputa.




Fonte:O Diário de Mogi